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Rios ibéricos profundamente poluídos com substâncias tóxicas

Organização ambientalista espanhola destaca a “extensa contaminação” das águas de várias bacias “com o herbicida glifosato”. Não é conhecido o impacto para Portugal da poluição trazida pelos rios Minho, Douro, Tejo e Guadiana.
Imagem parcial da capa do relatório “Ríos tóxicos 2022”.

No relatório “Ríos tóxicos 2022”, a organização ambientalista espanhola Ecologistas en Acción refere que as análises a contaminantes químicos realizadas pelos organismos oficiais no ano 2019 revelam que todas as bacias hidrográficas em Espanha apresentam contaminação com substâncias tóxicas nas suas águas superficiais (rios, represas, lagos) e subterrâneas. E frisa que os tóxicos detetados têm múltiplas origens e características.

A organização não governamental aponta que estes dados põem em destaque as deficiências na legislação europeia e espanhola e as deficiências na gestão das bacias hídricas.

A ampla contaminação das águas de várias bacias com o herbicida glifosato é um dos principais problemas detetados. A Ecologistas en Acción enfatiza que a contaminação química das águas superficiais e subterrâneas tem graves consequências, não só para os ecossistemas aquáticos mas também para todo o meio ambiente, fauna, flora e saúde humana.

Espanha utiliza quase 80 milhões de quilos de agrotóxicos, com destaque para o herbicida glifosato. No documento é frisado que o país consome 20% dos pesticidas vendidos na Europa e que, não obstante muitos agroquímicos sejam proibidos, eles continuam a ser usados. Dos “75.397.000 quilos de agrotóxicos que são comercializados em Espanha, segundo dados oficiais, apenas são monitorizados 19,5% daquele total”, assinala o relatório.

Impacto da carga poluente no território português ainda está por aferir

Segundo escreve o Público, o impacto da carga poluente no território português ainda está por aferir. O jornal diário requereu à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) esclarecimentos sobre a qualidade das massas de água em Portugal, não tendo obtido qualquer resposta.

No que concerne à bacia hidrográfica do Minho, do relatório da ONG Ecologistas en Acción consta que, nas águas superficiais deste rio, o dado mais significativo é o “elevado número de ultrapassagens do padrão de qualidade do glifosato e seu metabolito AMPA”. Os isómeros de HCH (hexaclorociclohexano) “também excedem os limites admissíveis, com alta deteção de gama lindano e de metais pesados como cádmio e níquel”. O rio Minho apresenta ainda “elevados níveis” de contaminação por detritos, pesticidas e descargas industriais”, lê-se ainda no documento.

A bacia hidrográfica do Douro também não escapa à carga poluente, com a presença de “herbicida glifosato, em sedimentos, o metal pesado chumbo”. Acresce que “na biota (conjunto de seres vivos, flora e fauna, que habitam em ambiente geológico), observam-se excessos de mercúrio”.

Já na bacia hidrográfica do Tejo cerca de 29% das substâncias analisadas na matriz apresentaram limites de quantificação “superiores aos indicados pela diretiva-quadro da água e pela regulamentação espanhola”. Mais uma vez, o herbicida glifosato ganha destaque. Na biota proliferam metais pesados como mercúrio e chumbo que se repetem na matriz sedimentar, assim como o naftaleno, substância muito tóxica para organismos aquáticos e humanos.

A bacia hidrográfica do Guadiana apresenta níveis ainda mais elevados de contaminação, com cerca de 22% das substâncias analisadas na matriz hídrica a registarem limites de quantificação superiores aos indicados pela directiva-quadro da água e pela regulamentação espanhola. Estão presentes em quantidades excessivas o herbicida glifosato, mercúrio, cádmio e chumbo, o pesticida dicofol e o hidrocarboneto aromático policíclico benzo (G,H,I) perileno.

Conforme aponta o Público, no final do ano passado, o Estado espanhol foi alvo de uma queixa apresentada no Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE) pela Comissão Europeia (CE). Em causa está a não adoção de medidas suficientes para melhorar a má qualidade das águas destinadas ao consumo humano e o não cumprimento da diretiva sobre os nitratos.

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