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Resultados das eleições francesas “mostram que há uma crise do sistema político”

Marisa Matias destacou a “profunda alteração do sistema partidário político francês com um trambolhão enorme do PS, mas também com um resultado não tão honroso assim por parte dos republicanos”.
Foto de Paulete Matos.

“Pelo menos desta vez não foi uma questão de ruído, as sondagens acabaram por acertar nos resultados finais, o que significa uma profunda alteração do sistema partidário político francês com um trambolhão enorme do PS, mas também com um resultado não tão honroso assim por parte dos republicanos”, referiu a eurodeputada bloquista em declarações à agência Lusa.

Marisa Matias assinalou que, provavelmente, esta é a primeira vez em que não há numa segunda volta nenhum candidato republicano, nem socialista, desde há muitos anos.

“Isso significa que há uma crise do sistema político que não é apenas na França, é em toda a União Europeia que, do meu ponto de vista, está muito relacionada com as políticas que a União Europeia tem imposto aos países e que os governos têm posto em prática nos respetivos países”, frisou.

Sobre a derrota do candidato socialista, Benoît Hamon, que obteve entre 6% e 7% dos votos na primeira volta, Marisa Matias considera que este resultado “tem a ver com o estado em que a França está e com a governação desastrosa de François Hollande”.

No que respeita à passagem de Marine Le Pen à segunda volta, a eurodeputada bloquista destacou que “é muito preocupante o que se passa na União Europeia, em França, mas não é novo”.

“Não é a primeira vez que a extrema-direita vai à segunda volta, É impressionante a quantidade de fenómenos de extrema-direita que temos por toda a Europa, apesar de não sentirmos muito em Portugal, a verdade é que os partidos de extrema-direita estão a crescer por todo o lado e tem a ver com a falta de respostas concretas às necessidades das pessoas”, apontou.

Segundo Marisa Matias, a proposta política da extrema-direita “atenta aos valores da democracia e da república, é xenófoba e racista e representa a antítese do que são os valores da república francesa”.

“No entanto, creio que ainda mais assustador do que estes resultados são os resultados que se avançam nas projeções para a segunda volta. (…) As projeções que saíram ontem [domingo] não deram uma vitória esmagadora do candidato centrista [Emmanuel Macron]. Creio que ainda há um caminho a fazer. É preocupante e deve fazer-nos refletir sobre se há uma inversão completa da política”, avançou.

O centrista Emmanuel Macron lidera a primeira volta das presidenciais francesas com quase mais 2,5 pontos percentuais do que a candidata da extrema-direita, Marine Le Pen, quando estavam apurados 97% dos sufrágios.

Segundo os resultados parciais divulgados pelo ministério do Interior francês, com 97% dos votos contados, Macron obtém 23,86% dos votos, enquanto Le Pen reúne 21,43%, disputando a segunda volta a 7 de maio.

O conservador François Filon recolhe 19,94% e o candidato da França Insubmissa Jean-Luc Mélenchon 19,62% dos votos. O socialista Benoît Hamon não ultrapassa os 6,35% dos votos.

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