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Responder à crise climática com mais emprego, transportes, serviços públicos

No comício da praça dos Poveiros, Porto, Catarina Martins referiu-se às mobilizações de milhões de jovens pelo clima. Uma questão que “está em todos os programas” mas em que “não estamos todos a dizer a mesma coisa” porque a esquerda responde pelo clima com mais emprego, direitos, transportes e serviços públicos.
Comício nos Poveiros, Porto, Setembro de 2019.
Comício nos Poveiros, Porto, Setembro de 2019. Foto de Paula Nunes.

As manifestações de milhões de jovens na véspera da cimeira da ONU foram o mote para Catarina Martins introduzir a questão das alterações climáticas.

Para a coordenadora do Bloco, “as instituições acordam tarde” e só acordam “porque há milhões de jovens em todo o mundo que saíram à rua”. Depois dos jovens terem dado o impulso inicial, agora às greves climáticas estudantis juntaram-se pré-avisos de sindicatos e todas as gerações se mostram preocupadas com o tema e “todas sabem que temos de responder pelo futuro”.

Mas Catarina Martins realça que apesar do assunto estar presente “em todos os programas” nestas eleições, “não estamos todos a dizer a mesma coisa”. Por isso, mostrou que a diferença da “forma da resposta à esquerda” é que esta é também sobre emprego e direitos sociais. Esta sabe que “faliu a política dos pequenos passos” e da culpabilização da responsabilidade individual, que o “problema é a nossa economia e só se transforma com respostas que mexam na economia”.

Pelo que “o planeta não pode ficar a espera que empresas poluidoras desenvolvam uma consciência” nem “vale a pena achar que é taxando mais o gasóleo de quem não tem transportes públicos” que tudo se resolve quando o que “precisamos é de transportes públicos que sirvam toda a gente em todo o território, cidades sem carros, nova mobilidade que não deixe ninguém para trás, energia mais limpa com estratégia pública”.

A estas propostas, a coordenadora do Bloco juntou outras como “a distribuição de circuitos curtos”, contrariar a agricultura super intensiva que não é o futuro “nem no Alentejo nem no país”, tal como o eucalipto não o é.

Estas propostas para o ambiente esforçar-se por escapar a “duas ratoeiras”. Para a dirigente do Bloco, a primeira é “achar que a coisa vai lá com impostos verdes” quando o capitalismo verde provou a sua falência; a segunda é “achar que se faz contra as pessoas”. Daí que tenha insistido que o combate às alterações climáticas se faz “criando emprego, transportes que sirvam toda a gente”, com casas mais resistentes, que baixem fatura da energia, com políticas públicas de investimento, melhoria de salários e de qualidade de vida e mais serviços públicos.

Para ilustrar as diferenças com a direita, Catarina Martins mobilizou ainda a imagem de Passos Coelho, o ex-líder do PSD, a responder aos estudantes em luta pelo clima: “diria para não serem piegas, para verem o aquecimento global como uma oportunidade, para tentarem sair do seu planeta de conforto”.

Um recibo de vencimento é um passaporte para a entrada nos direitos

José Soeiro preferiu mobilizar outra imagem simbólica. O de um recibo de vencimento que lhe foi apresentado por uma das 270 amas da Segurança Social que passaram a ter contrato com a Segurança Social depois de anos a recibos verdes.

Para Soeiro, em qualquer recibo de vencimento estão sempre “inscritas lutas laborais”: as que permitiram contratos, salários, a existência de uma Segurança Social, impostos progressivos e o próprio Estado Social. Mas este é a prova de que um “recibo de vencimento é um passaporte de entrada nos direitos”.

O deputado bloquista lembrou todos aqueles que ainda não conseguiram este passaporte como “quem ainda espera o PREVPAP, assegurando que é preciso “garantir que ninguém fique para trás”.

Não temos de aceitar a precariedade

Luís Monteiro também se centrou no direito ao trabalho, sendo de uma geração a quem “venderam” várias ideias entre as quais que teriam de viver a recibos verdes ou que teriam de emigrar. Pelo contrário, “o Bloco disse nestes quatro anos que não tem de ser assim”.

Os jovens não têm “de aceitar” quer “a última marosca, o alargamento período experimental”, quer a eternidade dos recibos verdes e das bolsas para investigadores a quem é recusado contrato de trabalho, entre outros exemplos. Também “não temos de aceitar a maioria absoluta”. Até porque “não temos tempo para esperar pela resolução dos problemas do ambiente”, garante.

A política deve ser inclusiva

A candidata Joana Cottim expressou-se em Língua Gestual Portuguesa mostrando que o Bloco é um “partido inclusivo” com “porta aberta para ouvir pessoas diferentes” e com “candidatos diversos”. Cottim dedicou a sua intervenção à análise de várias questões que afetam a vida das pessoas com diversidade funcional da necessidade de independência contra a institucionalização forçada, à mobilidade, à empregabilidade e luta contra a pobreza, à educação que respeite a diversidade, ao reforço da LGP e do Braille, a necessidade de um ensino bilingue aos alunos surdos.

Contra os predadores do Serviço Nacional de Saúde

O médico Bruno Maia partiu da crítica feita ao Bloco pela Associação Nacional de Farmácias, por Salvador de Mello, e pelo porta-voz da hospitalização privada, Óscar Gaspar, de que a proposta de Lei de Bases impunha “uma visão estatizante e um regime de monopólio público no SNS” para depois analisar a escassez de medicamentos.

Bruno Maia mostrou que neste Verão “três milhões e meio de pessoas ficaram sem acesso a medicamentos” porque os “distribuidores e armazenistas preferem exportar os medicamentos porque são mais rentáveis”. E clarificou que o principal distribuidor de medicamentos no país é a

Aliance Healthcare, detida maioritariamente pela Farminveste que é “o braço empresarial da Associação Nacional de Farmácias”. Assim, a associação que representa 95% das farmácias “é responsável pelo desvio de medicamentos”. E é acionista em 30% da José de Mello Saúde, gestora de hospitais que internaram “doentes graves em cantinas” e que ARS multou por desviar doentes graves para outros hospitais.

Para Maia, “aqui estão as maravilhas da gestão privada que a direita quer no SNS”, “aqueles que se dizem complementares mas comportam-se como predadores do Serviço Nacional de Saúde”, estão sempre “prontos a receber a renda do Estado”, desviar doentes e a fazer “cartelização”. Pelo contrário, o Bloco defende o SNS “primeiro, no centro, público, sem deixar ninguém de fora”. Para além de apresentar um conjunto de proposta para valorizar o SNS, o médico apresentou como proposta para a questão dos medicamentos “colocar laboratório militar a fazer os medicamentos que a Associação Nacional de Farmácias não quer distribuir”,

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