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Resíduos da ETAR da Fabrióleo serão retirados até ao fim do ano

A Agência Portuguesa do Ambiente assinou um protocolo com a autarquia de Torres Novas, que ficará responsável pela retirada de 4.200m3 de resíduos perigosos. Mas esta é só uma parte do problema ambiental, alerta a ex-vereadora bloquista Helena Pinto.
Fotografia mediotejo.net

A unidade industrial da Fabrióleo, no concelho de Torres Novas, foi durante anos responsável pela contaminação da ribeira da Boa Água, afluente do rio Almonda. Às denúncias e protestos da população e ambientalistas, os donos da empresa responderam com processos em tribunal. A sucessão de multas por crimes ambientais graves e a recusa da autarquia torrejana em legalizar a unidade industrial ditaram a ordem de encerramento da fábrica em 2018, o que só se concretizou dois anos depois, mas o dano ambiental não desapareceu. Esta semana, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e a autarquia de Torres Novas assinaram um protocolo para retirar finalmente os resíduos perigosos da ETAR industrial da Fabrióleo que funcionou durante anos apesar de nunca ter sido licenciada pela autarquia.

“Estamos a falar de resíduos líquidos que estão depositados nos tanques (…) que apresentam algumas fissuras, até do ponto de vista estrutural, estando ali depositados resíduos perigosos”, salientou na assinatura do protocolo o vice-presidente da APA, Pimenta Machado, estimando em 4.200 metros cúbicos (m3) os resíduos ali depositados.   

Em comunicado citado pela Lusa, a APA lembrou um processo que começou após o encerramento da Fabrióleo, tendo em conta as “reiteradas reclamações relacionadas com a descarga de efluentes da ETARI” e a exigência de “medidas para cessar todas as escorrências, estancando o efluente nos seus tanques, assim como a limpeza da linha de água”.

Além de pagar os 745 mil euros previstos no protocolo, a APA vai assegurar “apoio técnico” e “acompanhamento” de todo este processo que será levado a cabo pela autarquia.  O presidente da Câmara de Torres Novas, Pedro Ferreira, lembrou um “trajeto muito complicado e moroso” e salientou “duas importantes vitórias” alcançadas com o apoio de várias entidades, população, ambientalistas e comunicação social. O processo deverá estar concluído até ao final do ano.

Helena Pinto alerta que decisão só resolve "uma parte do problema"

A e-vereadora bloquista Helena Pinto, que acompanhou as lutas das populações contra a poluição da Fabrióleo, congratulou-se por finalmente ter sido dado "um passo decisivo para que sejam retirados os resíduos perigosos da ETAR. Desde que a empresa foi encerrada que esperamos por isto, a começar pela população que sempre foi sacrificada na sua saúde e na qualidade de vida".

Mas alerta que "estamos a falar de uma parte do problema" e falta ainda uma solução "para os resíduos que estão em duas lagoas e os terrenos circundantes têm de ser tratados. Existem imensas provas de que ali foram sendo enterrados resíduos (sabe-se lá o quê) ao longo dos anos.”

Helena Pinto acrescenta que “não desistimos também de responsabilizar os donos da Fabrióleo criminalmente e financeiramente" e saúda "a investigação criminal que foi recentemente divulgada e que visou exactamente as empresas sucedâneas da Fabrióleo e que continuam a dedicar-se a poluir a natureza nos distritos de Évora, Setúbal, para além de Santarém.”

Também o movimento ambientalista “BASTA!” alerta nas redes sociais para a necessidade de não se ficar a meio deste processo e lamenta a morosidade e o tempo de espera para que alguma coisa seja feita. "Infelizmente continua a ser um processo a ser tratado duma forma muito lenta, apesar dos sorrisos e das poses para a fotografia, ainda há muito trabalho pela frente", afirma o movimento, apontando que "continua a parecer ser tabu falar-se no desmantelamento das instalações, tal como na descontaminação dos solos, que certamente terá também de abranger os terrenos da Copalcis". 

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