“Rendas incomportáveis” põem em risco existência da linha SOS Voz Amiga

06 de October 2018 - 19:20

Serviço gratuito dirigido a pessoas deprimidas ou com pensamentos suicidas encontra-se em risco de interromper funções depois de a renda ter subido para valores que as quotas e donativos à associação não conseguem pagar.

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“Rendas incomportáveis” põem em risco existência da linha SOS Voz Amiga
"O tipo de rendas que se pratica em Lisboa não nos permite alugar este ou aquele espaço", afirma o presidente do serviço. Foto de Esparta Palma/Flickr.

A linha SOS Voz Amiga encontra-se em risco de interromper funções por ter de abandonar até ao final de 2018 as instalações a partir das quais presta apoio a pessoas com depressão, ansiedade e com tendências suicidas. Deparada com a subida do valor da renda para valores incomportáveis, o serviço não tem capacidade financeira para arrendar um novo espaço em Lisboa.

Em funcionamento desde 1978, o serviço tem nos últimos anos atendido uma média de quatro mil chamadas anuais de pessoas em situação de sofrimento causadas pela solidão, ansiedade, depressão e pensamentos suicidas. Trata-se de um serviço gratuito, que funciona através de voluntários e que é reconhecido Plano Nacional de Prevenção do Suicídio.

“Festejar 40 anos com esta iminência de fechar o serviço não é fácil”, afirmou em entrevista à agência Lusa o presidente da Linha SOS Voz Amiga, Francisco Paulino.

Ao ver a renda do local onde funcionou durante mais de 30 anos passar de um valor simbólico para “valores incomportáveis”, o serviço foi forçado a abandonar as instalações, tendo sido acolhido na Fundação São João de Deus. “É neste espaço que estamos a enfrentar um problema que ultrapassa os responsáveis da Fundação, porque eles não são os proprietários, são apenas os concessionários”, contou Francisco Paulino, informando estar “na contingência de ter de abandonar as instalações até ao final do ano”.

A linha SOS Voz Amiga não recebe apoios financeiros do Estado desde 2007, funcionando através das quotas dos sócios, donativos e da consignação de 0,5% do IRS.

“Dezembro está à porta e nós não temos uma solução”, porque “o tipo de rendas que se pratica em Lisboa não nos permite alugar este ou aquele espaço. Seria fácil, há muito espaço para alugar, nós é que não podemos”, lamentou.