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Refugiados: “Críticas da UE não são construtivas”, diz Atenas

A acusação feita por Bruxelas de que existem “graves deficiências” no controlo das fronteiras externas da UE pela Grécia foi rejeitada por Atenas, que reclama uma “ação comum” para dar resposta a “um problema com dimensão histórica”.
Foto Fotomovimiento.org

A porta-voz do governo grego reagiu à posição da Comissão Europeia, que responsabiliza a Grécia por não estar a impedir a entrada de refugiados no país. “A tática de remeter as responsabilidades não constitui uma gestão eficaz de um problema com dimensão histórica, que exige uma ação comum”, diz Olga Gerovassili, que apela a que os restantes membros cumpram as suas obrigações, tal como os gregos têm feito enquanto ponto de chegada de centenas de milhares de pessoas nos últimos meses.

As conclusões de Bruxelas baseiam-se na visita feita em novembro às ilhas gregas e para a pora-voz do governo a situação atual já não é a que foi descrita no relatório. Atenas continua a queixar-se de não ter recebido os reforços de meios que solicitou à agência europeia de controlo de fronteiras e confronta Bruxelas com a paralisia total do programa de relocalização dos refugiados, que cumpriu 0.17% do objetivo fixado pelo Conselho Europeu em setembro.

Esta quinta-feira, durante a sua visita a Israel, Alexis Tsipras também rejeitou o "jogo de culpas" europeu sobre os refugiados, defendendo que a Grécia mostrou a "boa face" da Europa no acolhimento dos refugiados, apesar das dificuldades financeiras que o país enfrenta. Para o líder do governo grego, a solução imediata do problema passa pela cooperação com a Turquia e a distribuição dos refugiados pelos países europeus.

Enquanto os governos europeus responsabilizam a Grécia por permitir que os barcos de borracha cheguem às suas praias, as tragédias no Mar Egeu continuam a acumular-se. Esta quinta-feira, um novo naufrágio deixou pelo menos 24 mortos, entre os quais 10 crianças ao largo da ilha de Samos, informou a Guarda Costeira citada pela agência France Presse. Outras 11 pessoas são dadas como desaparecidas e apenas 10 sobreviventes foram resgatados.

“Schengen e a Europa estão em perigo”, alerta ministro grego

Regressado da cimeira dos ministros do Interior da União Europeia, Yiannis Mouzalas afirmou que o ministro belga propôs que Atenas se transformasse num imenso campo de refugiados, albergando até 400 mil pessoas.

O vice-ministro do Interior grego rejeita que a Grécia seja excluída do espaço Schengen, como têm defendido alguns membros de governos do Leste europeu, os mesmos que se recusam a cumprir o sistema de quotas de acolhimento decidido em setembro pelo Conselho Europeu. “Se o ponto de passagem em Idomeni [na fronteira com a Antiga República Jugoslava da Macedónia] fechar, as fronteiras não ficam fechadas e elas estendem-se por milhares de quilómetros… Em vez de protegermos a migração legal, estaremos a apoiar a migração ilegal, a ajudar os terroristas e a dar emprego aos traficantes de pessoas”, alertou o vice-ministro grego em entrevista à televisão Skai.

Falando sobre a cimeira realizada esta semana em Amesterdão, Mouzalas denunciou a proposta “inacreditável” do seu homólogo belga “de que se acolham 300 mil a 400 mil refugiados em Atenas”. O mesmo ministro terá defendido a possibilidade da Grécia sair do espaço Schengen “e de empurrar [os refugiados] de volta para o mar, o que é ilegal e um ato criminoso”, prosseguiu Mouzalas.

“O Tratado de Schengen está em perigo, a Europa está em perigo e tem medo, isso deixa-me preocupado”, concluiu o ministro grego. Respondendo ao cronista do Financial Times que colocou a hipótese de a Europa trocar o perdão da dívida à Grécia pela transformação do país num imenso campo de refugiados, Mouzalas manifestou indignação pela ideia de que o seu país se converta “numa prisão e lugar de exílio da Europa em troca de uma fiança”.

A Turquia não está a cumprir o seu compromisso, diz Mouzalas

Para Mouzalas, a principal conclusão da cimeira dos ministros europeus do Interior é que a Turquia, enquanto ponto de passagem dos refugiados para a UE, detém a chave da solução para o problema mas não está a cumprir o compromisso assumido em troca de um apoio financeiro de 3 mil milhões de euros por parte da União Europeia.

“Só no último período, a Turquia aceitou de volta 123 migrantes e mandou 60 mil”, afirma o ministro grego, afirmando ter proposto que os refugiados e migrantes que chegam às ilhas gregas sejam recenseados e enviados para os recém-criados “hotspots”, separando migrantes de refugiados e enviar os primeiros de volta para a Turquia.

Comentando a decisão do parlamento dinamarquês de confiscar bens aos refugiados, Mouzalas diz que “a posição da Dinamarca faz-me recordar os Judeus nos comboios… as memórias ainda estão frescas”. Mas o panorama no resto da Europa não é muito melhor, observa o governante grego: “Uns não querem negros, outros não querem homens solteiros, outros não querem mães com filhos… isto não é uma visão europeia”, rematou. 


Com informações recolhidas no artigo publicado em infoGrécia

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