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Recorde de falha de medicamentos em 2018

64,1 milhões de embalagens de medicamentos não estavam disponíveis no momento da compra no ano passado. É uma subida de 32,8% em comparação a 2017. As farmácias do interior são as mais afetadas.
Foto de Gaelx/Flickr

Entre 201 e 2018 foram mais 15,8 milhões as embalagens que os utentes não conseguiram comprar no momento em que se deslocaram à farmácia. Os números de 2018 são os mais elevados desde que começou a existir monotorização em 2014.

Estes dados constam do relatório do Centro de Estudos e Avaliação em Saúde (Cefar). As falhas de abastecimento identificadas terão consequências diversas. Até porque variam na duração, abrangendo desde falhas temporárias e rupturas de abastecimento, e no tipo de medicação. No pior dos casos as rupturas podem implicar interrupções na terapêutica.

A lista dos medicamentos que falharam em 2018 é liderada pelo Sinemet, um medicamento para o Parkinson. Seguem-se o Tarjenta (para a diabetes tipo 2), a aspirina GR (para tromboses e enfartes), o Spiriva (doença pulmonar obstrutiva crónica) e o Adalat (hipertensão).

Por vezes, alguns dos medicamentos em falta são daqueles considerados essenciais pela Organização Mundial de Saúde. É o caso do medicamento que mais faltou em 2017, uma insulina injectável, a Lantus, caneta de 5ml.

A distribuição regional das falhas também é desigual: as farmácias do interior mais afectadas. Em Dezembro, de acordo com a ANF, Vila Real, Bragança, Braga e Castelo Branco foram os distritos mais afectados pelas faltas de fármacos e cerca de dois terços das farmácias do país reportaram então, pelo menos uma vez, dificuldades para aviar de imediato os remédios.

O Infarmed desvaloriza. Mas a revista Farmácia Portuguesa de janeiro/fevereiro do ano passado, num trabalho extenso sobre o tema, relatava casos de stress e ansiedade em doentes crónicos devido a estas situações, noticiando casos de descontrolo em doentes com problemas de tiróide, por exemplo.

Também os médicos se queixam das falhas e da falta de informação sobre elas. Vêem-se obrigados a fazer mais consultas e a recebem telefonemas de pacientes alarmados pelos efeitos da falta de medicamentos. Nesta revista lê-se: “ouve-se que os fármacos são canalizados para mercados em que o preço de venda ao público é mais elevado, como os países do Norte da Europa ou, há alguns anos, Angola. O factor económico é outra das causas apontadas: “Por vezes, a decisão de retirar os medicamentos do mercado deve-se, seguramente, a motivos económicos, porque o medicamento não é rentável”, diz [o cardiologista] Daniel Ferreira.”

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