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Reclusos recusam ser “instrumentalizados para fins a que são alheios”

As greves dos guardas prisionais “foram além da legalidade”, diz um grupo de reclusos que ameaça fazer greve ao trabalho caso prossiga a paralisação.
Foto Aapo Haapanen/Flickr

Numa carta enviada à ministra da Justiça pela Associação Portuguesa de Apoio ao Recluso (APAR), citada esta segunda-feira pela agência Lusa, não faltam críticas aos “cerca de 330 dias de greves, de todo o género, do corpo de guardas prisionais no ano de 2018”, que provocaram “gravíssimos problemas no dia-a-dia dos reclusos e suas famílias”.

Entre esses problemas causados pelas sucessivas greves dos guardas prisionais, os reclusos afirmam que “ficaram, ao longo dos meses, sem inúmeras visitas a que legalmente teriam direito, sem poderem receber ou enviar correspondência, sem a possibilidade de telefonar à família e advogados, sem que estes pudessem reunir-se com eles, por lhes ser vedada a entrada nas cadeias, sem serem conduzidos aos tribunais para julgamentos, sem poderem ir a consultas médicas externas, sem poderem trabalhar ou estudar”.

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Mas também “sem poderem comprar os bens nas cantinas, ou porque estas estavam fechadas, ou por não terem sido repostos os ‘stocks’, ou por não terem dinheiro nas contas, já que os vales de correio que lhes eram enviados pelas famílias ficavam por distribuir”.

A associação não questiona a legitimidade do direito à greve, mas aponta que “muitos dos atos levados a cabo por parte de guardas prisionais durante esses larguíssimos períodos de greve foram além da legalidade, desde logo pelo incumprimento dos serviços mínimos decretados, e sempre com prejuízo unicamente para os reclusos e seus familiares”.

“Havendo o perigo das greves dos guardas prisionais continuar, ou até se intensificarem depois dessa data, há um enorme número de reclusos dispostos a fazer, também eles, ‘greve’ a todo o tipo de trabalho dentro das cadeias”, anuncia a carta da APAR.

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