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Ramos Horta vence presidenciais em Timor com promessas de diálogo

Tal como nas eleições de 2007, José Ramos Horta venceu Lu Olo, o atual chefe de Estado apoiado pela Fretilin e os partidos do Governo. O novo presidente promete diálogo para ultrapassar impasse político.
José Ramos Horta no momento da votação para a segunda volta das presidenciais em Timor Leste. Foto Antonio Dasiparu/EPA

Com mais de 70% dos votos contados na segunda volta das eleições reaizadas esta terça-feira, José Ramos Horta tem uma vantagem de mais de vinte pontos percentuais sobre Francisco Guterres (Lu Olo), o atual Presidente timorense que contou com o apoio da Fretilin e dos outros dois partidos que compõem o atual executivo, PLP e KHUNTO.

Em declarações à agência Lusa, Ramos Horta diz que não ficou supreendido com o resultado, que considera uma penalização para o Governo e os partidos que o formam. “Creio que o Presidente, estando muito associado ao Governo e aos partidos que estão no Governo, foi penalizado também. Para além dos factos que foram muito debatidos durante dois anos, de violações dos poderes do Presidente em termos da nossa Constituição e a forma como engendrou o dito oitavo Governo”, afirmou o Nobel da Paz que regressa à Presidência dez anos depois de ter falhado a reeleição, ao não conseguir passar à segunda volta.

Ramos Horta disse à TSF que a sua prioridade será o "diálogo com o Presidente cessante, com o Governo, com todas as bancadas do Parlamento" no sentido de "criar pontes" para "encontrar soluções pacíficas e construtivas para não continuarmos a agudizar a crise política". Depois de encontrada essa solução ao nível do Parlamento, será necessário pensar na gestão governativa e "que tipo de Governo vamos ter para os próximos doze meses que faltam até às eleições gerais", prosseguiu.

"Tudo farei para estabilizar melhor o ambiente político, serenar, acalmar. Mas as democracias são assim: imprevisíveis", avisou Ramos Horta, lembrando crises políticas como as criadas pelo Brexit britãnico ou a ascensão de Trump ou Bolsonaro. "Só países como a Coreia do Norte e a China têm menos crises políticas, tudo é previsível e sabe-se de antemão o que vai acontecer. Se optamos pela democracia e o multipartidarismo, vivemos com as suas vantagens e temos de viver com as suas desvantagens", concluiu.

Segundo o responsável pela missão da União Europeia de observação a estas eleições, citado pela Lusa, elas "foram bem administradas pelas autoridades eleitorais e o dia de eleições foi calmo e ordeiro", com os observadores a darem avaiação positiva aos processos de votação e contagem. Quanto ao ambiente da campanha, foi considerado em geral pacífico, apesar de um “ligeiro aumento dos ataques pessoais nas redes sociais nos últimos dias” da campanha.

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