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Rafael Marques: Os interesses da elite angolana na construção do maior “elefante branco” de África

Em entrevista à Deutsche Welle (DW), o ativista e jornalista angolano Rafael Marques fala sobre a construção do Aeroporto Internacional de Luanda, “o maior investimento feito em África e em circunstâncias, obscuras, opacas, e com poucas respostas para a curiosidade dos angolanos, que em princípio devem ser os principais beneficiários dessa obra”.
Fotos retiradas do site Maka Angola.

Rafael Marques lembra que, desde 2005, os custos da construção do Aeroporto Internacional de Luanda aumentaram de 300 milhões para 9 mil milhões de dólares, sublinhando que se trata do maior "elefante branco" de África.

As obras, que, em nove anos, já receberam três visitas do Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, estão a cargo da China International Fund (CIF). A CIF é, conforme é referido no site Maka Angola, “uma empresa obscura, criada em 2003, que não tinha construído o que quer que fosse à data da adjudicação da obra”.

“A CIF é conhecida como ‘a intermediária que obtém os contratos do governo e os vende a outras empresas chinesas por lucros fabulosos’, segundo declarações de um especialista chinês ao World Affairs Journal”, avança o site fundado e dirigido pelo jornalista Rafael Marques de Morais.

“Para um aeroporto internacional este é definitivamente o maior investimento feito em África e em circunstâncias, obscuras, opacas, e com poucas respostas para a curiosidade dos angolanos, que em princípio devem ser os principais beneficiários dessa obra”, afirmou o defensor dos direitos humanos em declarações à DW.

Lembrando que “esse tipo de obras, em princípio, devem ser aprovadas pelo Parlamento e devem constar do Orçamento Geral do Estado (OGE)”, Rafael Marques referiu que tal não aconteceu com a obra do aeroporto, sendo que “já se fala em pareceria com sócios angolanos e um dos nomes que se aventa é do próprio filho do Presidente da República, José Filomeno dos Santos”.

“É tudo gerido com base em relações estabelecidas pelo então diretor do gabinete de reconstrução nacional, o general Manuel Vieira Dias ‘Kopelipa’, que é também ministro de Estado e chefe da casa de segurança do Presidente da República. E a opacidade das obras e dos custos continua a ser tratada como se fosse um segredo de Estado”, esclareceu o jornalista angolano.

Para Rafael Marques, este é “um verdadeiro negócio da China que prejudica bastante o país”. “Angola precisa certamente de um novo aeroporto internacional, mas vejamos, há aqui dados importantes, o aeroporto está a ser construído a 40 quilómetros da cidade e não se pensou na realização de obras, como uma linha ferroviária, ou vias rápidas que permitam o acesso funcional ao aeroporto”, avançou.

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