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Racismo está na origem de desinteresse face a crise no Tigray, defende líder da OMS

"A crise humanitária no Tigré é maior do que na Ucrânia. Sem qualquer exagero. E eu disse isso muitos meses atrás: talvez a razão seja a cor da pele das pessoas no Tigré", afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus em declarações à imprensa na passada quinta-feira.
"Não ouvi nos últimos meses, ou em muitos meses, sequer um chefe de Estado falando sobre a situação no Tigré, em nenhum lugar. Especialmente no mundo desenvolvido. Por quê? Acho que sabemos", continuou o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), citado pela Deutsche Welle.
.@WHO Director-General Tedros Adhanom Ghebreyesus @DrTedros suggested that racism was to blame for the lack of attention to the crisis in #Ethiopia's #Tigray region. pic.twitter.com/SfxfgVlMUS
— VOA Africa (@VOAAfrica) August 17, 2022
Segundo Tedros Ghebreyesus, a população na região está privada de serviços básicos, alimentação, medicamentos e meios de comunicação, além de ser impedida de deixar o território.
"É a pior crise humanitária (…) em nenhum lugar do mundo existem 6 milhões de pessoas sitiadas. Em nenhum lugar", vincou o responsável da OMS. Tedros Ghebreyesus apelou a que a comunidade internacional defenda a humanidade.
No que respeita à invasão russa da Ucrânia, Tedros afirmou que o mundo pode estar a caminho de uma guerra nuclear que ameaça ser "a mãe de todos os problemas". Ainda assim, destacou, em termos humanitários, a crise no Tigray atualmente é pior.
O diretor-geral da OMS exortou os governos da Etiópia e da Rússia a pôr fim às duas crises: "Se querem paz, podem fazê-la acontecer, e apelo a ambos para que resolvam esses assuntos", frisou.
"Quase uma em cada três crianças com menos de cinco anos está desnutrida"
De acordo com uma nova avaliação de emergência realizada pelo Programa Mundial de Alimentos (PMA) quase uma em cada três crianças com menos de cinco anos na região etíope de Tigray está desnutrida. A ONU alerta que são necessárias ações urgentes para evitar mais desastres no país devastado pela guerra, pois o financiamento está a esgotar-se rapidamente.
Claire Nevill, porta-voz do PMA na Etiópia, disse que os números são extremamente preocupantes e provavelmente piorarão à medida que a ONU enfrenta um estrangulamento de financiamento, em parte como resultado da guerra na Ucrânia.
Embora esteja atualmente em vigor um cessar fogo entre as forças de Tigray e as tropas leais ao primeiro-ministro, Abiy Ahmed, e alguma ajuda esteja a chegar, a região ainda enfrenta restrições em serviços básicos, como comunicações e bancos, o que significa que as pessoas não tem acesso ao dinheiro.
Quase 90% da população está em situação de “insegurança alimentar”, um aumento de seis pontos percentuais em relação à última avaliação. Destes, 2,4 milhões de pessoas (47%) encontram-se em “insegurança alimentar grave”, o que o PMA define como tendo “lacunas extremas de consumo de alimentos”.
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