“Quem se calar é cúmplice da perseguição de Trump”

03 de February 2017 - 17:06

Horas depois do parlamento ter chumbado o voto do Bloco a condenar a política de Trump, Catarina Martins esteve reunida com a comunidade islâmica da Tapada das Mercês e defendeu uma lei da nacionalidade que reflita a diversidade de que Portugal é feito.

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Catarina Martins e José Manuel Preza reuniram esta sexta-feira com a associação da comunidade islamica da Tapada das Mercês e Mem Martins. Foto Paulete Matos.

O parlamento votou esta sexta-feira votos das várias bancadas de condenação das decisões de Donald Trump para barrar a entrada de imigrantes e refugiados nos EUA. O voto apresentado pelo Bloco de Esquerda, também subscrito pelos deputados socialistas Pedro Bacelar de Vasconcelos e Alexandre Quintanilha, foi chumbado com os votos das bancadas da direita e a abstenção do PS.

Poucas horas depois, Catarina Martins e José Manuel Pureza encontraram-se com membros da comunidade islâmica da Tapada das Mercês e Mem Martins. “Esta comunidade acolhe pessoas de 27 nacionalidades de várias religiões que aqui são bem-vindas. Elas sabem o que e o acolhimento e o convívio na diversidade de que o nosso país também é feito”, referiu a coordenadora do Bloco de Esquerda.

Catarina referiu que as razões para esta visita não são indiferentes ao debate que atravessa o mundo sobre as decisões da administração norte-americana de perseguição de pessoas pela sua religião ou país de origem. “E quem se calar perante essa perseguição é naturalmente cúmplice do mundo de fanatismos e extremismos. Nós não somos cúmplices”, afirmou.

“Visitar esta comunidade é um sinal do profundo respeito que há em Portugal pelas diferentes origens e religiões, mas é também uma afirmação de que este consenso de todos os partidos no parlamento tem de estar presente nas leis que fazemos, nomeadamente na imigração”, prosseguiu Catarina, referindo-se ao debate desta semana sobre a lei da nacionalidade.

“Contestar a política Trump, do ódio, contestar a extrema-direita e a xenofobia que cresce na Europa precisa seguramente também da coragem e resistência de Portugal, de ter leis de imigração e nacionalidade que nos respeitam a todos e todas na nossa diversidade”, defendeu a coordenadora do Bloco.

Sobre a proposta bloquista que inclui o direito à nacionalidade portuguesa a quem nasce no país, Catarina Martins afirmou que “ninguém compreende que não possa ter a nacionalidade portuguesa uma criança que aqui nasce, que aqui viveu toda a vida e aqui esteve sempre”. As propostas vão continuar em debate no parlamento, em fase de especialidade, antes de voltarem a plenário para a votação final.