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"Quem ouvir António Costa não tem qualquer horizonte de uma vida melhor"

Mariana Mortágua diz que a entrevista do primeiro-ministro ao fim de um ano de maioria absoluta foi "muito defensiva" e que isso se deve à "permanente crise e instabilidade criada pelo Governo".
Mariana Mortágua. Foto de Ana Mendes.

O primeiro-ministro deu uma entrevista à RTP para assinalar um ano do atual mandato à frente de um Governo apoiado pela maioria absoluta do PS. Boa parte da entrevista foi preenchida com os sucessivos casos que levaram a saídas do Governo e António Costa não trouxe nenhuma proposta nova para os problemas do país, limitando-se a anunciar que uma reunião do Conselho de Ministros em meados de fevereiro aprovará um pacote de medidas para a habitação.

Num programa de debate na SIC-Notícias, a deputada bloquista Mariana Mortágua considerou que António Costa manteve ao longo da entrevista uma postura "muito defensiva e percebe-se porquê: este primeiro ano de maioria absoluta foi a permanente crise e instabilidade criada pelo Governo".

Mas para além desssa instabilidade, hásobretudo "um problema de escolhas políticas deste Governo, ao não aceitar as soluções que podiam dar um horizonte às pessoas", resumiu.

Mariana Mortágua destacou que boa parte dos casos que envolvem atuais e ex-governantes devem ser avaliados não só pela vertente legal, mas ética. Por exemplo, "quando um conjunto de ministros são questionados sobre as suas responsabilidades não se lembram e não sabem de nada, e passado umas semanas quando confrontados afinal todos sabiam e todos se lembram, não está em causa uma situação meramente legal, é uma questão de ética, da forma como um ministro assume as suas repsonsabilidades e se a escolha de ministros e secretários de Estado é feita de forma criteriosa ou não".

"Maioria absoluta aumenta o escrutínio? Não, aumenta é a sensação de impunidade por parte do Governo"

"O primeiro-ministro diz que a maioria absoluta aumenta o escrutínio. Não, a maioria absoluta aumenta é a sensação de impunidade e de poder absoluto por parte do Governo. Essa é a origem destes casos: a arrogância da maioria absoluta", prosseguiu Mariana Mortágua.

Do resto da entrevista, destacou a ausência de propostas que possam trazer esperança ao país. "Quem ouvir António Costa não tem qualquer horizonte de uma vida melhor", afirma a deputada do Bloco, acusando o primeiro-ministro de passar boa parte da entrevista "a dizer que as pessoas se devem sentir agradecidas: os professores porque a sua carreira foi descongelada, como se isso não fosse a normalidade e o mínimo que cabe ao primeiro-ministro garantir; ou porque têm emprego, apesar dos salários de miséria e de perderem poder de compra todos os dias; os mais pobres têm de estar agradecidos porque há um apoio extraordinário que o Governo decide quando dá e como é que dá".

Ou seja, "toda a gente vive pior mas as pessoas têm de estar agradecidas pelas migalhas que o Governo dá, sem qualquer horizonte de melhoria de vida, bastando ao primeiro-ministro dizer 'mas nós não somos a direita'", assim "jogando com o medo dos radicalismos à direita". Para Mariana Mortágua, "esta postura enfraquece a democracia".

"PS pode ter a maioria no Parlamento para bloquear alternativas mas não tem a maioria social, como mostra a luta dos professores"

Durante a entrevista, António Costa colocou o cenário de derrota eleitoral do PS em 2024 para argumentar que o partido da maioria dos governos em funções perdeu as eleições europeias sem que isso tenha implicado a sua demissão ou a dissolução do Parlamento. E essa foi única novidade da entrevista, prosseguiu Mariana. "E não é por acaso: o PS pode ter a maioria no Parlamento para bloquear alternativas, mas não tem a maioria social, como se vê no protesto dos professores".

A este propósito, lembrou que em 2019 "o primeiro-ministro colocou o país contra os professores por causa da recuperação de tempo de carreira. Não quis olhar para o problema da escola pública e ainda hoje não consegue dizer quais são as medidas que vão fazer que tenhamos mais professores". E quanto à crise da habitação, "só diz que vai dar mais terrenos para construção e mais benefícios fiscais. Não há uma palavra sobre vistos gold, nómadas digitais, controlo de rendas, especulação, nada", lamentou a deputada do Bloco.

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