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Protestos na Turquia após morte de jovem atingido pela polícia

Berkin Elvan, de 14 anos, faleceu nove meses depois de ser atingido por uma lata de gás disparada pela polícia, quando ia comprar pão durante os protestos de junho em Istambul. Esta quarta-feira há concentrações de homenagem em Lisboa e outras cidades europeias.
A morte do jovem de 14 anos voltou a acordar os protestos na Turquia.

As manifestações regressaram a Istambul e outras cidades turcas esta terça-feira, após ser conhecida a morte de Berkin Elvan após nove meses em coma. A impunidade da violência policial concentrou boa parte das palavras de ordem entoadas no funeral do jovem, já que os responsáveis pela sua morte nunca foram investigados e continuam em funções. Berkin Elvan não participava nas manifestações e terá saído de casa para comprar pão, sendo atingido na cabeça por uma das milhares de latas de gás disparadas contra as multidões que afrontaram a repressão no centro de Istambul. 

Uma multidão juntou-se à volta do hospital onde Berkin acabara de falecer e a polícia voltou a dispersar as pessoas recorrendo a gás lacrimogéneo que chegou a entrar no hospital. Vários utentes e familiares dos doentes foram apanhados pela repressão. A família do jovem responsabiliza diretamente o chefe do governo pela morte de Berkin, que acabou por falecer com apenas 16 quilos. 

"Não foi Deus que levou o meu filho. Foi Tayyip Erdogan", disse a mãe de Berkin aos jornalistas. O primeiro-ministro turco não se cansou de louvar a ação policial na repressão dos protestos contra a destruição do Parque Gezi, no centro de Istambul, considerando-as "ações heróicas".

Concentrações de solidariedade em várias cidades, incluindo Lisboa

"Berkin é a quarta pessoa a morrer em resultado do abuso da força por parte da polícia nos protestos do ano passado no Parque Gezi. A ausência de investigações sobre o uso dessa força que também deixou milhares de feridos pôs o dedo na ferida e resultou numa vaga de manifestações antigoverno que voltam agora a varrer a Turquia", declarou Andrew Gardner, da Amnistia Internacional.

Em 31 cidades turcas houve protestos esta terça-feira à noite e alguns contaram com repressão policial com canhões de água e recurso a gás lacrimogéneo. No funeral realizado na quarta-feira de manhã, houve dezenas de milhares de pessoas a percorrer as ruas de Istambul, relata a BBC. Muitos milhares juntaram-se também na praça Kizilay em Ancara, antes de serem retirados pela violência policial. 

Em Lisboa, a concentração de solidariedade vai durar até às 21h de quarta-feira no Largo Camões. "Uma nova frase começa a ser repetida: 'Berkin não acordou, é bom que acordemos nós'", apelam os organizadores deste evento de solidariedade contra a repressão na Turquia.

A Turquia tem eleições municipais marcadas para o fim do mês e Erdogan já anunciou que se demite do governo em caso de derrota, depois de ter sido fortemente abalado por um escândalo de corrupção.

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