Prioridade às energias renováveis e zero investimento público em combustíveis fósseis

12 de May 2019 - 18:17

A campanha do Bloco às Europeias esteve este domingo os Açores, onde Marisa Matias também criticou a forma como as regiões ultra-periféricas são tratadas na União Europeia.

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Marisa Matias nos Açores
Foto de Paula Nunes.

“De cada vez que nos vierem falar de fundos estruturais e de fundos de coesão não aceitem o discurso da esmola”, disse Marisa, citando Alexandra Manes, candidata do Bloco às europeias, cuja intervenção abriu este almoço-comício. “Não é nenhuma uma esmola, é uma compensação”, acrescentou Marisa, explicando que esta compensação existe porque há “vários países da União Europeia a ganharem muito com esta integração e há países e regiões que perdem muito com esta integração” e que ainda assim “está longe de ser justa”, nomeadamente para regiões ultra-periféricas como os Açores, que disse valorizar muito.

Criticando quem, em campanha, diz que se defendeu tudo o que se podia defender, Marisa disse conhecer bem a forma como votaram PS, PSD e CDS em relação a muitas medidas que atacaram diretamente os Açores, citando, como exemplo, a sua proposta para a criação do Centro de Investigação Europeu nos Açores, para lidar com as questões marinhas, e que obteve votos contra dos socialistas e direita portuguesa. “Uma proposta que poderia, e bem, dinamizar esta região”, reiterou.

Marisa defendeu ainda que, no combate às alterações climáticas, “precisamos de autonomia e independência energética”, de um modelo de transição energética amigo do ambiente e que permita reduzir a pobreza energética. A este propósito, citou três propostas concretas: zero investimento público para combustíveis fósseis, total prioridade às energias renováveis e ao investimento que realmente combata as alterações climáticas, e isentar do cálculo do défice as comparticipações nacionais que se dirigem ao combate as alterações climáticas. "Enquanto isso não acontecer, não teremos o investimento público suficiente nestas medidas e não poderemos criar todos os empregos que são necessários criar", frisou.

Alexandra Manes, disse que "votar no PS, PSD e CDS é eleger quem permitiu o fim das quotas leiteiras e a abertura do mar dos Açores às frotas internacionais", e defendeu o voto no Bloco para que sejam "afrontados os grandes interesses” em Bruxelas.

Catarina Martins: Nos Açores sabe-se como é difícil lutar pelos de baixo quando há uma maioria absoluta

Já Catarina Martins, reconheceu e lamentou a luta difícil que é travada nos Açores, que tem uma maioria absoluta do Partido Socialista, e onde tantas vezes as questões essenciais de quem trabalha ou está em situação de vulnerabilidade, é esquecida. “Aqui sabe-se como é difícil lutar pelos de baixo quando há uma maioria absoluta”, concretizou.

A coordenadora do Bloco disse também não esquecer “o enorme perigo que é a privatização da SATA e essa exigência de que o transporte aéreo açoreano tem de ser um serviço público que responda por todos e por todas. Que seja privado, que seja pelo lucro, que venha a deixar rapidamente o que não tem rentabilidade imediata, desprotegido, é uma das enormes preocupações do Bloco de Esquerda”. Para Catarina Martins, a SATA é um “serviço público essencial” nos Açores e disse que o Bloco não desiste nunca de lutar pelos serviços públicos essenciais”.