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Primeira mulher a dirigir o CERN

A italiana Fabiola Gianotti é a primeira mulher a dirigir o CERN desde a sua fundação, em 1954. Fabiola era a coordenadora da experiência ATLAS, uma das experiências que contribuiu para a descoberta do bosão Higgs. Por Rui Curado Silva
Fabiola Gianotti, coordenadora da experiência Atlas, 2011 – Foto de Claudia Marcelloni de Oliveira/wikimedia

Fabiola Gianotti é uma mulher polivalente, que concilia o gosto pelas artes com a sua imensa dedicação à investigação. Fabiola foi bailarina e toca piano nos seus momentos de lazer.

As prioridades do seu mandato, que durará até 2020, são a atualização do maior acelerador de partículas do mundo, o LHC (Large Hadron Collider), a implementação de um programa dedicado ao estudo da matéria escura e da antimatéria e o estudo da conceção de um novo acelerador de partículas sete vezes mais potente que o LHC.

É de saudar este arejamento de uma instituição da relevância do CERN, sabendo que o papel das mulheres na ciência ao longo dos tempos nem sempre foi tolerado, reconhecido ou elogiado. Marie Curie foi autorizada a investigar num laboratório na companhia do seu marido Pierre Curie por especial favor de Paul Schützenberger, o empregador de Pierre. Na mesma época, na Alemanha, outra investigadora no domínio da física nuclear, Lise Meitner, foi obrigada a trabalhar na cave do Instituto Kaiser Guilherme, por os seus colegas do sexo masculino se sentirem escandalizados com a sua presença nos andares superiores. Mais tarde, aquando dos primeiros voos espaciais tripulados, os EUA apenas permitiram o treino de mulheres no final dos anos 70, sendo a primeira astronauta americana, Sally Ride, lançada apenas em 1983. John Glenn, o primeiro astronauta americano foi lapidar sobre o assunto: “a guerra e os aviões são assuntos para homens”. No programa de cosmonautas soviéticos também houve desconforto e reações negativas à chegada das mulheres ao centro de treinos. Titov, o segundo cosmonauta no espaço, declarou que as mulheres não pertenciam ao mundo da aeronáutica. O próprio voo de Valentina Tereshkova não escapa ao verniz da propaganda do regime soviético. A mensagem progressista da primeira mulher no espaço contrastava com um regime exclusivamente masculino nos postos chave da URSS.

Artigo de Rui Curado Silva para esquerda.net

Sobre o/a autor(a)

Investigador no Departamento de Física da Universidade de Coimbra
Termos relacionados Ciência, Sociedade
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