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“Presidente não cumpriu, nem fez cumprir a Constituição”

Marisa Matias acusou Cavaco Silva de, até ao dia de hoje, continuar a achar “que as suas funções são outras” e lembrou que, depois de se falar dos lesados do BES, dos lesados do PSD e do CDS, é tempo de falar dos “lesados de Cavaco Silva”.
Foto de Paulete Matos

Marisa Matias destacou, na sessão de encerramento do Fórum de Ideias Por Um País Justo e Solidário, a importância de direitos como a saúde, a educação e a cultura, e sublinhou “a necessidade de não aceitarmos que uma parte integrante das nossas vidas nos seja arrancada”. Para Marisa Matias, a eleição para a Presidência da República deve ser o continuar do “virar de página” que se vive em Portugal.

Marisa Matias é a única que nestas eleições fala da Constituição por inteiro

Para Catarina Martins, que também interveio na sessão de encerramento, “a escolha que fazemos nestas presidenciais, é se queremos ter no Palácio de Belém, quem saiba falar pelos direitos sociais que estão na Constituição: pelo direito à habitação, ao emprego, à educação, à saúde, à proteção na doença e no desemprego, à cultura, e sobre isso, sabemos bem que a Marisa Matias é a única que nestas eleições fala da Constituição por inteiro, fala das nossas vidas por inteiro”. 

"O trabalho foi, nestes últimos quatro anos, a categoria social mais vilipendiada", Jorge Leite

Para o Professor Universitário de Coimbra, Jorge Leite, “o trabalho foi, nestes últimos quatro anos, a categoria social mais vilipendiada”, pois “para além da estratégia de reduzir os rendimentos dos trabalhadores, também há uma estratégia de domesticação dos trabalhadores”, para os fazer crer que não têm nenhum poder, que estão sujeitos a ter de aceitar aquilo que os patrões lhes oferecem, e que caso contrário existem outras pessoas interessadas em substituí-las. 

"Um Presidente da República que privilegia só alguns parceiros sociais, não é um Presidente da República de todos os portugueses"

Já José Luís Albuquerque lembrou que “sistematicamente se fala da insustentabilidade da segurança social, quase que sempre numa perspetiva financeira ou calculatorial, quando a segurança social e a sua sustentabilidade também é económica, social e sociopolítica”, e defendeu que o Presidente da República, pelo seu poder de veto, não deve aceitar transformações estruturais que levem as pessoas a deixar de acreditar “naquilo que as protege quando trabalham, quando não podem trabalhar, quando não têm rendimentos, na velhice, na doença, no desemprego”, que “não permitisse ruturas neste contrato inter-geracional e social, entre quem trabalha e entre quem recebe apoios da segurança social”.

O economista considerou ainda que “era importante que os parceiros sociais fossem privilegiados no acesso à informação” e entendeu que “um Presidente da República que privilegia só alguns parceiros sociais” e ignora “os representantes dos sindicatos e dos trabalhadores”, não é um Presidente da República de todos os portugueses e de toda a sociedade.

Jorge Meneses, ex-diplomata da Representação Permanente de Portugal junto da União Europeia (REPER), dedicou a sua intervenção ao processo de decisão da União Europeia, ou seja, às negociações que envolvem as várias instituições europeias até se chegar a um consenso para aprovar legislação europeia. Jorge Meneses referiu os tempos em que trabalhou com Marisa Matias, quando esta foi incumbida de redigir a diretiva-quadro sobre os medicamentos quadros, e destacou a “inteligência e colossal capacidade de trabalho”, que a levaram a concluir esta diretiva com enorme sucesso, mesmo perante os “fortíssimos lobbies das farmacêuticas”. 

Para a cineasta Margarida Gil “é preciso exigir dos canais públicos que sejam instrumento de educação e entretenimento” que ajude as pessoas “a pensar, a debater, a criar”. Destacou os enormes “cortes na cultura, 100% no cinema, cortes cegos na ciência”, salientou que “a ignorância tem ódio a quem sabe”, e pediu um Presidente da República que “seja a voz dos intermitentes, dos que descontam obrigatoriamente para a segurança social sem qualquer garantia de emprego ou de trabalho”.

"Basta! Queremos outra coisa!", Margarida Gil

Lembrou os 26 anos - 16 com o Almirante Américo Thomaz, e 10 com Cavaco Silva - em que em Portugal, “o rosto e a personagem que simboliza o país, representa algo de profundamente negativo e auto-depreciativo, de que nos envergonhamos”, e suspirou “Basta! Queremos outra coisa, propomos outra coisa, outra cara, outra verdade, outra matéria, outra moral, outra alma”. A cineasta afirmou que Marisa Matias representa “um projeto novo, que começou agora a ser possível, que só agora parece ser aceitável, como não o pôde ser com a Maria de Lurdes Pintassilgo”.

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