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Presidente do Curdistão iraquiano apresenta demissão

Masoud Barzani, presidente do Curdistão iraquiano nos últimos 12 anos, apresentou este domingo a demissão do cargo depois de duas semanas de ataques militares de Bagdad. 
Masou Barsani, Presidente demissionário do Governo da Região do Curdistão. Fonte: rudaw.net.
Masou Barsani, Presidente demissionário do Governo da Região do Curdistão. Fonte: rudaw.net.

Masoud Barzani, presidente do Curdistão iraquiano nos últimos 12 anos, apresentou este domingo a demissão do cargo depois de duas semanas de ataques militares das forças leais a Bagdad. 

Barzani obteve uma vitória política histórica no referendo pela independência, realizado a 26 de setembro, onde o Sim obteve 95% dos votos (com uma participação de 72% da população). O referendo foi acompanhado de sucessivas ameaças de represálias do governo federal iraquiano, culminando na invasão de Kirkuk a 16 de outubro e, uma semana depois, de ataques às maiores cidades curdas, nomeadamente a capital Erbil. 

O parlamento da Região do Curdistão aprovou esta segunda-feira uma lei que distribui os poderes do Presidente demisssionário entre diferentes órgãos até à realização de novas eleições presidenciais, nomeadamente o primeiro-ministro, o conselho de minsitros, a presidência do parlamento e a presidência do conselho judicial. O secretariado da presidência [com o nome de Diwan] manter-se-á em funções, sob a direção do chefe de gabinete de Barzani, Fuad Hussein. 

Os desenvolvimentos terão deteriorado a base de apoio de Barzani, com os Estados Unidos da América a pressionarem Bagdad para parar a invasão mas sem nunca a condenar, o que terá sido lido como uma “traição” dos EUA face ao Curdistão. 

Na declaração de demissão, Barzani sustentou que a invasão de Bagdad teria acontecido com ou sem referendo pela independência. “Mesmo se o referendo não tivesse ocorrido, o plano de ataque às áreas curdas já existia e tinha por objetivo desestabilizar a Região do Curdistão. A cultura [política] em Bagdad não mudou”, disse à Rudaw.net

Barzani lançou ainda acusações de traição contra as forças que “abandonaram” a zona de Kirkuk, que se encontra hoje sob controlo de Bagdad. “Os Peshmerga e todo o povo do Curdistão foram esfaqueados nas costas por uma faca envenenada”, disse. 

A demissão terá efeitos a partir de 1 de novembro, mas Barzani manter-se-á à frente do “Conselho Político”, órgão criado para gerir o processo pós-referendário e que, agora, não tem futuro certo. 

Não é claro qual o papel dos EUA nesta decisão de Barzani, sendo claro que Washington era contra o referendo da independência e, apesar de não impedir a invasão do Curdistão, exigiu a saída das milícias iranianas do território iraquiano (exigências sem qualquer efeito prático), forças que apoiam o primeiro-ministro iraquiano e que, após os ataques, controlam a região de Kirkuk, rica em petróleo. 

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