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Presidente devia ter sido mais “ativo” na defesa da escola pública

Marisa Matias afirmou que o Presidente da República devia ter tido uma intervenção "muito mais ativa” no que diz respeito aos contratos de associação tendo criticado também a sua atitude em relação à defesa dos direitos humanos em Angola.
Foto de Paulete Matos

Num balanço sobre os primeiros 100 dias desde a tomada de posse de Marcelo Rebelo de Sousa que se cumprem esta quinta-feira, a deputada europeia do Bloco disse à Lusa que “sem mudanças no PSD”, a relação entre o Presidente e o governo vai “manter-se sem obstáculos”.

“Penso que não tem havido grandes erros por parte de Marcelo Rebelo de Sousa”, disse Marisa Matias que, no entanto, refere com negativa a atuação do Presidente da República sobre os contratos de associação e defesa da escola pública, para além da questão angolana.

Desta forma, na opinião de Marisa Matias, o Presidente da República “devia ter tido uma intervenção muito mais ativa” no que diz respeito aos contratos de associação porque nesta matéria “não há nenhuma dúvida daquilo que está inscrito na Constituição” e o chefe de Estado “foi um pouquinho menos célere na tomada de posição do que tem sido em relação a outras matérias”.

Na opinião da dirigente bloquista, a questão angolana exigia igualmente outra atitude do chefe do Estado “porque as relações de cooperação devem ser baseadas em princípios de direitos humanos e não é o que se passa em Angola”.

“O Presidente da República foi muito silencioso em relação a isso”, criticou.

Sem condições políticas para mudar comportamentos

No que diz respeito ao relacionamento com o governo do PS, Marisa Matias afirmou que o Presidente da República “tem andado bem” mas disse acreditar que “Marcelo Rebelo de Sousa terá uma ideia de país diferente, com um consenso muito mais alargado ao centro”, mas que a atual direção do PSD não lhe permite pôr em prática.

“Acredito que se houvesse alterações no PSD também poderíamos ver alterações na relação com o governo. Enquanto não existirem essas alterações, acho que se vai manter assim”, avançou.

Para a dirigente do Bloco “não tem havido grandes obstáculos” à ação governativa por parte de Belém, mas alerta que o Presidente da República “vai orientando o seu trabalho com aquilo que tem”, já que a “direção atual social democrata não lhe permite procurar essa base de consenso mais alargado, que sempre foi o seu discurso, de unir o país dividido”.

A eurodeputada bloquista não deixou ainda de referir que deteta problemas na atuação do Presidente mais ao nível “dos silêncios”, do que “propriamente na ação”.

“Na ação propriamente dita não creio que tenha havido grandes erros. Veremos com os desenvolvimentos políticos em Portugal e das diferentes forças políticas se Marcelo Rebelo de Sousa irá ou não mudar o seu comportamento. Penso que neste momento não o faz porque não tem condições políticas para o fazer”, afirmou.

Questionada sobre se Marcelo Rebelo de Sousa tinha aberto as janelas de Belém para deixar sair o bafio, Marisa Matias afirmou: “Literalmente abriu as portas de Belém”.

“Ainda temos muito tempo pela frente. É muito difícil fazer uma avaliação porque Marcelo Rebelo de Sousa tem sido muito igual a si próprio. Desse ponto de vista não tem sido surpreendente e já se sabia que ia ser um Presidente muito diferente do anterior, com uma relação diferente com as pessoas e com as instituições”, sublinhou a dirigente bloquista.

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