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Preços das casas subiram 13% no início do ano. Vendas a estrangeiros disparam

Apesar de a subida dos juros poder exercer um impacto negativo na procura por casas, a reabertura do turismo poderá contrariá-la, sobretudo se os investidores estrangeiros continuarem a apostar no imobiliário português.
Foto de Paulete Matos.

O Índice de Preços da Habitação cresceu 12,9% no primeiro trimestre do ano. De acordo com os dados disponibilizados pelo INE, entre janeiro e março de 2022, foram transacionadas mais de 43 mil habitações, 25,8% a mais do que no mesmo período do ano passado, correspondentes a um valor global de cerca de 8,1 mil milhões de euros em transações.

A variação do índice de preços da habitação nos primeiros três meses deste ano foi superior à que tinha sido registada no último trimestre do ano passado em 1,3 pontos percentuais, o que significa que a tendência de crescimento dos preços das casas se manteve. O INE sublinha que estamos perante o maior aumento dos preços registado em mais de uma década: é preciso recuar a 2010 para encontrar uma trajetória de subida semelhante.


Fonte: INE

Um dado interessante é o que diz respeito à origem dos compradores. A análise do INE mostra que a venda de casas a cidadãos estrangeiros aumentou mais de 70%. Os investidores com domicílio fiscal na União Europeia aumentaram 72,3% em termos homólogos, ao passo que os provenientes de outros países tiveram um crescimento de 79,1%, bem acima do aumento registado nos compradores nacionais (23,6%). No total, os investidores estrangeiros gastaram 842,4 milhões de euros na compra de imóveis em Portugal entre janeiro e março deste ano, sendo que a aquisição através do regime de “vistos gold” ascendeu a 190,2 milhões.

Se olharmos para a distribuição regional desta tendência, rapidamente constatamos que a maioria das transações ocorreu na Área Metropolitana de Lisboa (13.464 transações, correspondentes a 30,9% do total). Segue-se a região do Norte (12.371 transações) e do Algarve (4.129 transações, correspondentes a 9,5% do total). O Algarve foi a região cujo peso relativo mais aumentou nos números de compra e venda de habitações.

Banco de Portugal alerta para riscos de queda dos preços

Apesar de os preços continuarem a aumentar, o Banco de Portugal considera que a tendência pode vir a inverter-se face às alterações da política monetária do Banco Central Europeu (BCE). No Relatório de Estabilidade Financeira divulgado na semana passada, a instituição liderada por Mário Centeno diz que há o risco de “redução dos preços no mercado imobiliário residencial, decorrente de alterações nas condições de financiamento”.

Em causa está o aumento das taxas de juro anunciado pelo BCE, que já está a encarecer o custo de novos empréstimos e a aumentar as prestações do crédito à habitação para várias famílias. Apesar de a subida dos juros poder exercer um impacto negativo na procura por casas, a reabertura do turismo poderá contrariá-la, sobretudo se os investidores estrangeiros continuarem a apostar no país. É cedo para saber de que forma evoluirão os preços da habitação.

Termos relacionados Habitação, Sociedade
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