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“Precariedade afeta liberdade de imprensa”

A presidente do Sindicato dos Jornalistas(SJ), Sofia Branco, afirma que a precariedade existente no setor leva à “autocensura”, o que representa uma “ameaça” à liberdade de imprensa.
Foto de Fernando Nandé

No Dia Internacional da Liberdade de Imprensa, Sofia Branco disse à agência Lusa que no mundo ainda "há sítios onde se é difícil ser jornalista, em que a liberdade imprensa e de expressão está muito condicionada “.

Referindo-se a Portugal, a presidente do SJ afirmou que "até agora, os jornalistas não correm risco de vida, mas isso não quer dizer que não corram outros riscos", tendo referido os clubes de futebol onde muitas vezes há “ boicotes e agressões”.

Sofia Branco sublinhou ainda que "a precariedade é avassaladora e tem impacto no exercício da profissão" uma vez que “o medo de perder o emprego” leva muitas vezes a que o “jornalista fique inibido de escrever sobre determinados assuntos, a colocar questões ou a criticar abertamente nas redações”.

"Quando há esse risco de ter consequências isso coloca a ameaça da autocensura. Os jornalistas têm consciência disso e é uma das grandes ameaças à liberdade de imprensa", avançou.

Para a presidente do SJ, não tem havido em Portugal "tendência para valorizar a liberdade de imprensa" responsabilizando a atual situação de precariedade de muitos jornalistas, situação que não afeta só aqueles que acabam de sair das universidades.

Perante este quadro, Sofia Branco sublinhou a necessidade de uma “reflexão coletiva” referindo que o Congresso dos Jornalistas é o momento adequado para o fazer.

Sofia Branco disse ainda à Lusa que atualmente não é possível responder com exatidão quanto ganha, em média, um jornalista em Portugal e adiantou que esse trabalho vai ser feito em parceria com o ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa, que desde 1 de maio lançou um inquérito para esse efeito.

Liberdade e minorias

Por seu turno, o Presidente da Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC), Carlos Magno, afirmou que "a liberdade de imprensa está sempre em risco". Não há liberdade de expressão sem liberdade de imprensa", sublinhou Carlos Magno tendo acrescentado, que a liberdade de imprensa pressupõe "uma enorme tolerância e a capacidade para permitir que opiniões opostas, contrárias, diferentes e potencialmente perigosas sejam afirmadas publicamente para se perceber o que é que a sociedade pensa na sua diversidade e não por aquelas que falam mais alto ou que têm capacidade de acesso aos media".

Num momento de crise económica, "há quem berre mais e com menos qualidade, porque falam as emoções e o desespero, e essas pessoas têm direito a dizer o que pensam, embora pensem pouco do que dizem", adiantou.

Para Carlos Magno “compete às elites, em momentos de crise, perceber que é obrigatório usar a liberdade de imprensa para canalizar energias, em vez de dispersar, fazer com que a primeira palavra de ordem seja a liberdade e não mandar calar as minorias ".

De acordo com o presidente da ERC “não há liberdade de imprensa sem diversidade, sem profissionalismo. Assistimos a um movimento pendular que é a profissionalização das fontes e a proletarização dos jornalistas”.

Por isso, conclui, “temos de voltar a ter jornalistas no centro do sistema”.

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