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“Portugal está a ficar sem sistema financeiro”

Catarina Martins considerou que o país pode ficar sem centro de decisão sobre o investimento e o financiamento da economia se não houver um controle público daquilo que já pagámos tendo dado como exemplo a venda do Novo Banco.
Foto de Paulete Matos.

“O problema de Portugal ficar sem sistema financeiro é, neste momento, um problema urgente, grave, algo que toda a gente começa a reconhecer como até já aconteceu com o Presidente da República que veio chamar a atenção para o cuidado que é preciso ter em relação a esta matéria”, disse a porta-voz bloquista.

“Mas é preciso ir mais longe do que o diagnóstico e assumir a consequência de que só teremos um sistema financeiro em Portugal se assumirmos o controle daquilo que já pagámos”, afirmou, tendo acrescentado que “ o melhor exemplo é o Novo Banco”.

“ O dinheiro público já lá está, temos controle público, temos gestão pública, temos de tomar decisões em nome do interesse público para o investimento na economia e na criação de emprego”, afirmou.

O dinheiro público já lá está, temos controle público, temos gestão pública, temos de tomar decisões em nome do interesse público para o investimento na economia e na criação de emprego

Catarina Martins lembrou que neste banco "já pusemos lá quatro mil milhões" de euros de dívida pública, estamos todos a pagar e quem comprar o Novo Banco "não nos vai devolver esse dinheiro" e a restante banca privada também não o fará.

Perante este cenário, a porta-voz do Bloco sublinhou que "estamos a pagar sucessivamente bancos para os entregar a mãos estrangeiras. E voltou a referir o caso do Banif apenas como mais um exemplo.

“Entregámos 3 mil milhões de euros ao Santander através do Banif, mas antes disso já tínhamos entregado muitos mais milhões ao BIC através do BPN, estamos sempre a fazê-lo e assim é preciso olhar muito bem para o que se está a passar no setor financeiro em Portugal”, afirmou.

Num âmbito mais vasto, a dirigente bloquista voltou a criticar as privatizações de setores estratégicos como a energia, os transportes e as comunicações o que, na sua opinião, “impede” o relançamento da economia.

“Pensem bem no que podia fazer um governo, um parlamento que pudesse tomar opções sobre a REN, EDP ou Galp, se controlasse essas empresas que são essenciais para a economia e para a criação de emprego”, disse tendo ainda referido que “a PT foi destruída depois de privatizada e pagou milhões de euros a quem a destruiu.”

Em relação aos CTT, a dirigente bloquista fez referência ao facto de esta empresa ter o maior número de balcões em todo o país e estar presente em sítios onde o Estado fechou todos os serviços públicos.

Já em relação à TAP, Catarina Martins disse que o país precisava de "mandar" nos aeroportos e na empresa, tendo criticado o que está a acontecer no aeroporto do Porto que, na sua opinião, está a "sofrer com estas decisões" e o governo ao decidir não mandar na TAP está a deixar que elas aconteçam mesmo sendo "contrárias" ao interesse público e ao interesse da nossa economia.

Não se deve fazer dinheiro com a crise de outros”

Noutro ponto da sua intervenção, a porta-voz do Bloco referiu-se aos casos da Grécia e da Turquia afirmando que, no primeiro caso, estamos a falar de devolver à Grécia os juros que os bancos centrais fizeram à conta da dívida grega.

“Nós defendemos sempre que se devolvesse esse dinheiro à Grécia porque um país não deve fazer dinheiro com a crise dos outros”.

“Acontece, sublinhou, que a União Europeia decidiu em Conselho Europeu com a concordância do anterior governo que só devolvia o dinheiro à Grécia se esta impusesse medidas de austeridade. O dinheiro é dos gregos e não temos de dizer como é que eles o gastam, temos só de o devolver.”

Por estas razões, Catarina Martins deixou claro que o Bloco acha que o dinheiro deve ser “devolvido” mas não partindo do pressuposto que “essa devolução esteja dependente das ordens que a Comissão Europeia venha a dar ao país sobre o que fazer com o seu dinheiro”.

“ Por isso, este é um mau acordo, não queremos limitar a nossa soberania democrática, nem aceitamos ser instrumento para limitar a soberania democrática de outros países”, afirmou tendo ainda dito que “a Grécia merece toda a nossa solidariedade”.

No que diz respeito à Turquia, Catarina Martins qualificou o acordo firmado entre a União Europeia e aquele país como “gravíssimo” porque é feito com a intenção de levar a que a Turquia “não deixe passar os refugiados para os países da União Europeia”.

“O Alto Comissariado para os Refugiados (ACNUR) já veio dizer que este acordo é ilegal, que atenta contra os mais básicos direitos humanos”, disse a dirigente.

Para Catarina “nós não estamos a ajudar os refugiados, nós estamos a pagar para não deixar os refugiados passar e depois logo se vê o que acontece”.

“ Estamos a pagar para ter uma crise humanitária seja na Turquia, seja na União Europeia e nós no Bloco achamos que temos toda a responsabilidade solidária com os refugiados”, referiu.

“Não aceitamos passar a crise para a Turquia em dose dupla para os nossos olhos não verem as pessoas em sofrimento”, sublinhou a porta-voz do Bloco.

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