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Portugal: 10% das pessoas infetadas com HIV não estão diagnosticadas

Estima-se que haja 5 mil pessoas com HIV não diagnosticadas no país. Profilaxia pré-exposição vai ser distribuída gratuitamente na Noruega.
Embalagem de Truvada
Embalagem de Truvada, foto de Gilead Sciences/EPA/Lusa.

Um novo estudo de peritos portugueses com o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças estima que cerca de cinco mil pessoas em Portugal estejam infetadas com VIH sem o saberem, o que representa cerca de 10% do total de infetados.

O estudo, liderado por António Diniz, especialista do Hospital Pulido Valente, foi baseado numa nova ferramenta de modelação criada para o vírus da imunodeficiência adquirida (VIH), que aponta para menos de 45 mil pessoas infetadas em Portugal, um valor menos elevado do que a estimativa da ONU de 65 a 70 mil pessoas infetadas no país.

Tendo em conta os níveis de carga viral da infeção no momento do diagnóstico, é possível saber há quanto tempo a pessoa estava infetada, e em Portugal o tempo médio para o diagnóstico após a infeção situa-se nos quatro anos. Este valor difere conforme os grupos: é de 2,8 anos para homens que têm sexo com homens e de 4,5 anos para heterossexuais. Este estudo diz respeito a valores de 2014, e os investigadores indicam que só nesse ano terão ocorrido mais de 500 infeções por VIH.

Noruega vai distribuir gratuitamente “pílula contra a SIDA”

Sobre este tema, Bent Hoie, ministro da Saúde norueguês anunciou que a Noruega vai oferecer gratuitamente o medicamento Truvada (nome comercial da profilaxia pré-exposição, PrEP), medicamento que já foi apelidado de “pílula contra a SIDA” ao mostrar 90% de eficácia na prevenção do VIH. 

A Noruega vai ser o primeiro país a distribuir este medicamento  gratuitamente, embora já esteja disponível nos Estados Unidos, Canadá, França ou África do Sul. No final de julho, a Agência Europeia do Medicamento anunciou que aprovou a utilização de Truvada como profilaxia pré exposição para o HIV, uma exigência antiga dos movimentos LGBTQ+.

O neurologista e ativista Bruno Maia, em entrevista ao esquerda.net em fevereiro passado, afirmou que a PrEP é algo "que pode mudar o rumo desta epidemia. Algo que pode mudar a história da SIDA e torná-la apenas isso, parte da história”. Para ultrapassar o atraso governamental na legalização do medicamento nos países em que este ainda não está disponível, criaram-se redes informais de utilizadores que se organizam para obter o genérico e informações sobre a profilaxia. A esse respeito, Bruno Maia afirmou na altura que "é a sociedade civil que está a fazer esse percurso, ao passo que os Estados teimam em fechar os olhos à evidência".

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