Poluição dos combustíveis fósseis causa 8.7 milhões de mortes por ano

10 de February 2021 - 10:58

Um quinto das mortes prematuras no mundo são causadas por este tipo de poluição, diz um estudo publicado esta semana. Sem esta poluição, a esperança média de vida da população mundial aumentaria em mais de um ano.

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Plataforma de extração de petróleo. Foto de chumlee10/Flickr.
Plataforma de extração de petróleo. Foto de chumlee10/Flickr.

Um estudo publicado esta terça-feira na revista científica Environmental Research conclui que a poluição proveniente dos combustíveis fósseis causa um quinto das mortes prematuras a nível global. São 8,7 milhões de mortes por ano.

Esta investigação que junta a Universidade norte-americana de Harvard com várias congéneres britânicas - a Universidade de Birmingham, a de Leicester e o Colégio Universitário de Londres - é a mais detalhada até este momento e mostra que os impactos para a saúde da queima de carvão, petróleo e gás natural são ainda mais graves do que o estimado anteriormente.

Uma das suas autoras, Eloise Marais, especialista em química atmosférica no University College de Londres, diz, citada pela Reuters e pelo Guardian, que, estavam inicialmente “muito hesitantes” quando obtiveram os dados porque ficaram “estarrecidos” pela grandeza do número a que chegaram. Mas à medida que avançavam foram descobrindo “cada vez mais impactos desta poluição”.

A diferença deste estudo face aos anteriores não é só da ordem da grandeza mas também de capacidade de distinguir o tipo de poluição. Se os anteriores não conseguiam distinguir entre a poluição proveniente da queima de combustíveis fósseis e a de outras partículas como pó ou incêndios, este utiliza um modelo de alta resolução e consegue perceber as diferenças entre poluentes inalados. Por isso, Joel Schwartz, outro dos autores, epidemiologista ambiental na Escola de Saúde Pública de Harvard, tem “esperança que quantificando as consequências para a saúde da combustão de combustíveis fósseis” seja possível “enviar uma mensagem clara aos decisores políticos e acionistas acerca dos benefícios de uma transição para fontes energéticas alternativas”.

O ano de referência deste estudo é 2018. E a distribuição dos efeitos nocivos é desigual pelo mundo: o leste da Ásia, incluindo partes da China, a Índia, a Europa e o nordeste dos EUA são as zonas mais afetadas.

Os investigadores dão como certa a ligação deste tipo de poluição com o surgimento de doenças cardíacas, respiratórias e até a perda de visão. De tal modo que sem estas emissões poluentes a esperança média de vida da população mundial aumentaria mais do que um ano.