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As políticas de saúde na “vanguarda” do combate às alterações climáticas
O Acordo de Paris foi celebrado há 5 anos, com o objetivo de articular esforços a nível internacional para combater as alterações climáticas, estabelecendo que até ao final do século a temperatura média da terra não poderia aumentar mais do que 1,5ºC a 2ºC. Até ao momento os resultados são péssimos, com os últimos 5 anos a atingirem as temperaturas mais altas desde que há registo. À medida que o processo de alterações climáticas avança, os seus impactos são sentidos de forma diferenciada em várias regiões do globo, prejudicando mais as populações que menos contribuíram para a emissão de gases com efeitos de estufa.
Segundo um relatório recente do projeto “The Lancet Countdown on Health and Climate Change”, que procura ligar o universo da saúde pública à resposta às alterações climáticas, o aquecimento global afeta a saúde humana direta e indiretamente e se os vários países tomassem medidas adequadas ao cumprimento do Acordo de Paris, seria possível salvar milhões de pessoas anualmente.
O crescimento das emissões tem levado a um aumento da degradação da qualidade do ar, dos alimentos e da habitação, prejudicando de forma mais intensa a saúde das populações mais desfavorecidas. Para agravar a situação, as alterações climáticas estão a gerar condições mais propícias para a transmissão de doenças infeciosas em todo o mundo. Os investigadores que participaram neste estudo apontam que, só em 2019, as populações mais vulneráveis foram expostas a 475 milhões de ondas de calor, possibilitando maior incidência de doenças e maior mortalidade. A título de exemplo, na Índia e na Indonésia, as perdas de capacidade de trabalho consequentes da mortalidade e do sofrimento gerado por ondas de calor, representam 4 a 6% do PIB anual destes países. De 2001 para 2019, cerca de 60% dos países viram aumentar o número de dias de risco muito alto ou extremo de incêndios rurais, encontrando-se os casos mais graves no Líbano, Quénia e África do Sul. Em 2018, a superfície do globo que foi afetada por um número excessivo de meses em seca mais do que duplicou os valores históricos de referência.
A pandemia Covid-19 adiou a conferência das Nações Unidas (COP26) que estava prevista para 2020, esperando-se que a mesma venha a decorrer em 2021, de 1 a 12 de novembro em Glasgow. Neste momento pretende-se estabelecer compromissos nacionais que possibilitem o cumprimento das metas do Acordo de Paris, pois as metas atuais ultrapassam largamente os 2º C.
Segundo Ian Hamilton, diretor executivo deste projeto citado pela agência Lusa, os benefícios para a saúde de políticas climáticas ambiciosas têm um impacto positivo imediato, representando uma oportunidade para “colocar a saúde na vanguarda das políticas relativas às alterações climáticas” e salvar mais vidas.
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