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Poesia de Antero de Quental vai ser reeditada

O professor universitário Luiz Fagundes Duarte- cuja tese de doutoramento foi sobre Eça de Queiróz - disse à Lusa que “às vezes os tipógrafos enganam-se, introduzem uma palavra, alteram e isso vai ficando de edição para edição”, tendo adiantado que as edições críticas – que serão publicadas em três volumes - servem para fazer “uma limpeza aos textos, retirando tudo aquilo que eventualmente foi acrescentado”.
O primeiro volume inclui os poemas dos livros “Odes Modernas” e “Primaveras Românticas” que foram escritos durante a juventude de Antero de Quental e será objeto e de uma apresentação esta quinta-feira no Arquipélago - Centro de Artes Contemporâneas, na Ribeira Grande, na ilha de São Miguel, Açores, no decurso de uma iniciativa da Associação Daniel da Sá.
Por seu turno,o segundo volume - que reúne 129 sonetos e também as traduções feitas por amigos do poeta para alemão, italiano, francês e espanho - , será apresentado no próximo mês de maio.
A apresentação do terceiro volume desta edição critica está marcada para os meses de setembro ou outubro e abrange sonetos da “fase madura do poeta até à sua morte, que são mais filosóficos e introspetivos”, de acordo com Luiz Fagundes Duarte.
Retirar o poeta do esquecimento
Segundo o professor de Filologia da Universidade Nova de Lisboa, “esta edição crítica serve tanto para um público normal, que quer ler apenas a poesia, como também para o público especializado, pois tem lá informação para depois fazerem os seus estudos literários”.
“Antero de Quental é um dos grandes poetas e intelectuais da história cultural portuguesa. É um poeta importante que tem sido publicado esparsamente”, disse Fagundes Duarte tendo realçado que “muitas vezes as edições que circulam não são propriamente fiéis àquilo que ele escreveu”, mas “continua a despertar interesse, embora esteja um pouco esquecido”.
Para o docente de Filologia, “toda a gente conhece Antero de Quental, fala dele, mas pouca gente o lê”, razão pela qual gostaria que as escolas proporcionassem aos alunos um maior conhecimento do seu trabalho poético.
“A poesia é a confissão sincera do pensamento mais íntimo de uma idade”, escreveu o poeta. Foto wikieducação
Antero de Quental nasceu em Ponta Delgada em 1842, formou-se em Direito na Universidade de Coimbra onde fundou a Sociedade do Raio que tinha como objetivo mudar o país através da literatura.
Foi ainda fundador com Oliveira Martins do jornal “A República” e em conjunto com Ramalho Ortigão, Oliveira Martins e Eça de Queirós organizou as célebres conferências democráticas, no Casino Lisbonense que acabou por ser encerrado por decreto real.
Os distúrbios bipolares e a depressão que o acompanharam durante alguns anos levaram-no ao suicídio, em 1891, num jardim de Ponta Delgada.
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