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Petição contra o peso excessivo nas mochilas escolares junta 28 mil assinaturas

A OMS alerta que, em Portugal, 61% dos estudantes com 10 anos transportavam cargas excessivas, o mesmo acontecendo a 44% com 12 anos.
A Direção Geral de Saúde (DGS) define que uma criança não pode carregar mais do que 10% do seu próprio peso na mochila, posição partilhada pela Direção-Geral do Consumidor, pela Comissão de Segurança de Serviços e Bens de Consumo, e pela APED - Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição. 
 
No entanto, continua a ser comum ver uma criança entre o 5º e o 9º ano escolar carregar consigo em média cerca de 8 kgs de livros obrigatórios para um dia de aulas, mais 2 a 3 kgs de equipamento de desporto em dias de educação física. E continua a ser comum exigir que transportem este peso por distâncias consideráveis. 
 
De forma a entendermos a escala do que se exige a qualquer criança, seria o mesmo que exigir a um trabalhador que, por obrigação profissional e sem qualquer hipótese de recusa, percorresse pelo menos um quilómetro à chuva com 25kgs - um terço do peso de um adulto médio. Todos os dias. 
 
Este absurdo é agora objeto de uma petição que já recebeu 28 mil subscritores em apenas três semanas.
 
Com o título, “peso excessivo das mochilas escolares em Portugal”, alerta que um estudo da Organização Mundial de Saúde “indica que 61% dos estudantes com 10 anos transportavam cargas excessivas, o mesmo acontecendo a 44% com 12 anos.” E, acrescenta ainda, “que a percentagem de mochilas com peso a mais era maior nas escolas privadas do que nas públicas.” 
 
Isto é motivo para alerta, já que “as crianças que transportam regularmente peso excessivo (…) têm mais probabilidade desenvolver deformações ao nível dos ossos e dos músculos.” Em 2009, uma tese de mestrado apresentada na Universidade do Minho, “revelou que quase dois terços dos alunos se queixavam de dores por causa do peso que carregam.” A tese avaliou em particular “a incidência de desvios posturas em estudantes dos 6 aos 19 anos (…) numa amostra de 136 alunos de vários ciclos de ensino”. 
 
Conclusão: “a hiperlordose lombar afetava 69% dos estudantes que foram alvo do inquérito, a antepulsão ds ombros (ombros para a frente) 59% e a projeção anterior do pescoço 49%, motivando queixas de dor”. Não espanta por isso que “28,4% dos portugueses sentem que a sua atividade profissional já foi prejudicada pelo facto de terem dores nas costas”. 
 
Os peticionários, cujos primeiros subscritores incluem o ator José Wallenstein, a jornalista Cláudia Pinto, os médicos fisgaras Joaquim Sancho e Paulo Sampaio Rodrigues, bem como a Confederação Nacional de Associações de Pais e as Sociedades de Medicina Física e de Reabilitação, de Neuropediatria, de Oropedia e Traumatologia, e de Patologia da Coluna Vertebral, exigem por isso que a Assembleia da República legisle, “com caráter definitivo, que veicule que o peso das mochilas escolares não deve ultrapassar os 10% do peso corporal das crianças”; que as “escolas públicas e privadas de todo o país disponibilizem cacifos”; e que alterem os critérios de produção dos manuais, reduzindo o seu peso ao mínimo possível. 
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