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Peniche: Movimento contesta prospeção de petróleo

Nesta terça-feira, realizou-se a primeira sessão de trabalho do movimento Peniche livre de petróleo,  que apela a que não se troque os recursos naturais “pelo futuro sombrio da indústria extrativista”
Nesta terça-feira, realizou-se a primeira sessão de trabalho do movimento Peniche livre de petróleo, que apela a que não se troque os recursos naturais “pelo futuro sombrio da indústria extrativista”

Nesta terça-feira, realizou-se a primeira sessão de trabalho do movimento Peniche livre de petróleo, que refere que em 2007 foram assinados 12 contratos de concessão de direitos de prospeção de petróleo, quatro dos quais na bacia de Peniche, e que apela a que não se troque os recursos naturais “pelo futuro sombrio da indústria extrativista”.

Em manifesto, o movimento refere que “em 2007 foram assinados 12 contratos de Concessão de Direitos de Prospecção, Pesquisa, Desenvolvimento e Produção de Petróleo em terra (onshore) e no mar (offshore), 4 deles na bacia de Peniche, com o consórcio Repsol / Galp / Partex, em águas profundas (deep-offshore)”. “Em 2013, o consórcio da bacia de Peniche reformulou-se, passando a ser constituído por Repsol / Kosmos / Galp / Partex e em 2015 os contratos foram estendidos, por adenda, por mais 5 anos, com a possibilidade de prorrogação por mais 2 anos”, diz o documento apontando ainda que “foram celebrados também, em 2015, 2 contratos onshore, com a possibilidade de prática de fraturação hidráulica (fracking), com a Australis, para a Batalha e Pombal”.

O movimento destaca que “a costa marítima ao longo da bacia de Peniche e o arquipélago das Berlengas apresentam uma elevadíssima importância ambiental e sócio-económica”, relevando que “são locais de preservação de biodiversidade e suporte de um conjunto muito diversificado de serviços ambientais, sociais e económicos”, “da pesca artesanal à pesca industrial, do surf à pesca desportiva, do birdwatching ao snorkling, do windsurf aos passeios de barco, dos recreios de praia ao simples prazer de observar as paisagens marítimas e costeiras”.

“A economia do mar é o principal suporte da população local e hoje, com as perspetivas de exploração de petróleo, todo este património está em risco. Querem-nos cercados pela extração de petróleo, em terra e no mar”, salienta o manifesto.

Ao jornal “Público”, Ricardo Vicente do movimento diz que os objetivos do movimento “são os mesmos que os apontados a sul do país”, sublinhando que “Portugal é simultaneamente considerado o hotspot das alterações climáticas, que aqui são sentidas de uma forma mais forte, e é também considerado um hotspot de biodiversidade”.

Ricardo Vicente realça que “existe um pedaço de valor ecológico que vale a pena preservar e com estas explorações temos tudo isto a perder”, lembra que a economia do mar é o principal suporte da população de Peniche, lembra as catástrofes decorrentes de acidentes relacionados com a prospeção e exploração do petróleo no mar e aponta: “Não estamos disponíveis para trocar os nossos recursos naturais por um risco tão elevado, sendo que não são publicamente conhecidos os resultados das prospeções anteriores”.

“O que pedimos é que nos territórios onde não há histórico de extração assim se mantenham. A tendência é o abandono da exploração petrolífera e o investimento em energias alternativas. Devemos aproveitar as características privilegiadas do território português, como os muitos ventos, a latitude e a radiação solar muito alta e não insistir na exploração petrolífera, duvidosa do ponto de vista económico, sem que existam sinais de que seja economicamente viável", conclui Ricardo Vicente, nas declarações ao jornal.

Termos relacionados Petróleo em Portugal, Sociedade
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