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Peça de fantoches em Madrid acaba em prisão por terrorismo
A peça “La Bruja y don Cristóbal”, da companhia “Títeres desde Abajo”, estreou em Granada no fim de janeiro, mas foi só após a sua exibição em Madrid, integrada na programação de carnaval da autarquia, que a polémica rebentou.
A presença de um cartaz com a inscrição “Gora ALKA-ETA”, colocado no enredo para ilustrar uma montagem policial que visava prender a bruxa protagonista da história, está na origem da acusação de “apologia do terrorismo” aos seus autores, que foram colocados em prisão preventiva sem direito a fiança por causa da peça de fantoches.
Os autores são próximos da central sindical libertária CNT-AIT, que já veio a público defendê-los e assegurar que a história em que a bruxa tem de enfrentar a Propriedade, a Religião, a Força do Estado e a Lei “defende a convivência, a tolerância e a aceitação do diferente”, pelo que nunca se podia associá-la a qualquer apologia do terrorismo. Em resumo, acrescenta a CNT-AIT, “La Bruja y don Cristóbal” não é apresentada como uma peça para crianças e pretende retratar o clima de “caça às bruxas” de que tem sido alvo o movimento libertário.
A autarquia de Madrid já abriu um inquérito para apurar responsabilidades pelo “erro” de programação, mas Manuela Carmena já veio contestar a decisão do juiz de prender os marionetistas num contexto “satírico, burlesco e de rutura com a normalidade” que marca as festas de carnaval. Também a autarca de Barcelona, Ada Colau, veio defender os marionetistas presos, dizendo que a obra “podia ser de mau gosto, e de certeza que não é para crianças, mas no máximo foi um erro de programação” e não um crime. “A sátira não é um delito”, conclui Ada Colau.
Este domingo, algumas centenas de pessoas juntaram-se no centro de Madrid para exigir a liberdade dos marionetistas e denunciar que, tal como acontece à bruxa na peça, também os autores estão a ser alvo de uma montagem policial. Na véspera, algumas dezenas de jovens boicotaram as festas de carnaval da cidade em protesto com as detenções, empunhando cartazes a favor da liberdade de expressão.
Apesar da polémica política suscitada com o caso, esta não é a primeira vez que a companhia foi contratada para exibir os seus espetáculos de fantoches pela autarquia madrilena, sendo presença assídua na programação da anterior gestão liderada pelo Partido Popular.
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