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Paulina Chiziane vence Prémio Camões

A primeira mulher a publicar um romance em Moçambique venceu o Prémio Camões 2021. À Lusa, Paulina Chiziane dedicou o prémio às mulheres, afirmando que “este prémio serve para despertar as mulheres e fazê-las sentir o poder que têm por dentro".
Paulina Chiziane – foto de António Silva/Lusa (arquivo, 27 de janeiro 2013)
Paulina Chiziane – foto de António Silva/Lusa (arquivo, 27 de janeiro 2013)

O Prémio Camões 2021 foi atribuído por unanimidade à escritora moçambicana Paulina Chiziane, destacando o júri, em nota divulgada, “a sua vasta produção e receção crítica, bem como o reconhecimento académico e institucional da sua obra”. O júri salienta também a importância que a escritora dedica nos seus livros aos problemas da mulher moçambicana e africana e refere ainda que "está traduzida em muitos países, e é hoje uma das vozes da ficção africana mais conhecidas internacionalmente, tendo já recebido vários prémios e condecorações".

Paulina Chiziane nasceu em Manjacaze, Moçambique, em 1955. Estudou Linguística em Maputo. Atualmente, vive e trabalha na Zambézia. Ficcionista, publicou vários contos na imprensa.

O seu primeiro romance, que é também o primeiro romance de uma mulher moçambicana, é "Balada de Amor ao Vento" (1990), publicado depois da independência de Moçambique e que só foi publicado em Portugal em 2003, pela editorial Caminho.

"Ventos do Apocalipse", concluído em 1991, saiu em Maputo, em 1993, como edição da autora e foi publicado em Portugal, em 1999, pela Caminho, que possui os títulos da autora publicados em Portugal: "Sétimo Juramento" (2000), "Niketche: Uma História de Poligamia" (2002), "O Alegre Canto da Perdiz" (2008).

Da sua obra fazem igualmente parte "As Andorinhas" (2009), "Na mão de Deus" e "Por Quem Vibram os Tambores do Além" (2013), "Ngoma Yethu: O curandeiro e o Novo Testamento" (2015), "O Canto dos Escravos" (2017), "O Curandeiro e o Novo Testamento" (2018).

Este prémio serve para despertar as mulheres e fazê-las sentir o poder que têm por dentro"

Em declarações à agência Lusa, Paulina Chisiane dedica o Prémio Camões 2021 às mulheres.

"Afinal a mulher tem uma alma grande e tem uma grande mensagem para dar ao mundo. Este prémio serve para despertar as mulheres e fazê-las sentir o poder que têm por dentro", afirmou a escritora, que tem atualmente 66 anos.

"Quando eu comecei a escrever, ninguém acreditava naquilo que eu fazia. Porque eram escritos de mulher", referiu a escritora, numa alusão à temática do género, um dos fios condutores da sua obra.

"Eu nem sequer me lembrava que o prémio Camões existia", porque os confinamentos provocados pela covid-19 deixaram-na "bem fechada em casa, desligada de tudo", disse Paulina Chisiane à Lusa, afirmando que foi uma supresa bem-vinda. “Uma surpresa muito boa para mim, para o meu povo, para a minha gente", que em África escreve "o português, aprendido de Portugal".

"E eu sempre achei que o meu português não merecia tão alto patamar. Estou emocionada", acrescentou.

O trabalho mais recente de Paulina Chisiane é “A voz do cárcere”, que foi lançado este ano em Maputo. “A voz do cárcere” foi escrito em conjunto com Dionísio Bahule, depois de ambos entrarem nas prisões e ouvirem os presos, ela as mulheres e ele os homens.

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