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Patrões da energia recomendam ministro Galamba

Os anos de Galamba à frente da Secretaria de Estado da Energia foram de apoios públicos e vias verdes para negócios no setor da “energia verde”. Por isso os gestores das grandes empresas do setor elogiam-no.
João Galamba. Foto de JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA.
João Galamba. Foto de JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA.

O novo ministro das Infraestruturas, João Galamba, chega ao lugar depois de ter sido secretário de Estado da Energia, cargo pelo qual é elogiado pelos gestores das grandes empresas do setor.

O Expresso foi ouvir “uma dezena de gestores” e concluiu que a sua opinião é “globalmente favorável”.

Em nome da “energia verde”, abriu-lhes campos de negócios com dois leilões de energia solar, procurando desenvolver o “hidrogénio verde”, defendendo a exploração do lítio contra os movimentos ambientalistas, preparando um leilão eólico offshore e assegurando subsídios públicos a projetos de gases renováveis ainda não concretizados.

Por isso, os responsáveis das empresas beneficiárias elogiam-no. João Amaral, que está à frente do grupo francês Voltalia em Portugal, considera que “não vemos ninguém que tenha feito tanta coisa”.

Nuno Afonso Moreira, presidente executivo da Dourogás, pensa que “existia uma expectativa de que a presença dele na energia podia torná-la mais política e menos operativa. Mas foi o contrário. Trouxe um ímpeto reformista que veio a resultar num conjunto de políticas energéticas muito significativas”.

Pedro Morais Leitão, fundador da empresa de comercialização de eletricidade Luzboa, vai ao ponto de dizer que “o país teve sorte em ter o João Galamba [na energia]. Tivemos uma pessoa pragmática, que aceitou ouvir toda a gente, isso possibilitou que fizesse um ótimo trabalho”.

Miguel Lobo, do setor nacional da Lightsource BP, destaca a “abertura para acolher o investimento da Lightsource BP em Portugal” e para além da sua equipa ouvir “o sector e as empresas” também procurou “dotar o mercado com vários instrumentos que permitam executar e acelerar investimentos em energias renováveis”.

Também o adminstrador da Prio, Emanuel Proença, elogia um mandato com “medidas positivas do lado dos combustíveis verdes”.

Já o presidente da Endesa Portugal, Nuno Ribeiro da Silva, que também esteve na pasta durante um dos governos de Cavaco Silva, gaba-lhe, para além do “esforço de adaptação rápida”, a “boa equipa” e sobretudo “ser bastante direto e pragmático na tomada de decisões numa fase atribulada do setor”. Ainda assim, faz questão de contrapor que o país “não foi tão longe” como outros no que diz respeito a impostos, ou seja queria uma redução maior do IVA da eletricidade.

E até dirigentes “menos verdes”, os do setor das petrolíferas, têm elogios para distribuir ao ex-secretário de Estado. António Comprido, secretário-geral da Apetro – Associação Portuguesa das Empresas Petrolíferas, faz “um balanço positivo” da relação com ele, destacando a sua “disponibilidade”, apesar de não deixar de sublinhar que “nem sempre as nossas posições foram atendidas, o que é compreensível”. Este pensa que “a transição energética não pode ser uma lógica exclusiva de redução de emissões” e que há que “considerar também os impactos ambientais dos próprios projetos de energias limpas, a sustentabilidade em termos económicos e sociais e a segurança do abastecimento energético”, escreve aquele jornal.

Destoando do tom geral, Paulo Carmona, presidente da Associação Portuguesa de Produtores de Biocombustíveis, elogia a pessoa porque “aprecie-se ou não” “agiu com frontalidade e transparência”. Mas vinca que está “completamente em desacordo com muitas opções que tomou” como o fomento do hidrogénio, o “atraso na transposição das diretivas das renováveis” e avalia que este “falhou na reconfiguração do setor público energético” e na “microgestão do setor”, querendo com isto dizer que as empresas têm de lidar com competências distribuídas entre várias entidades públicas como a Entidade Reguladora do Setor Energético, a Entidade Nacional para o Mercado dos Combustíveis, a Direção-Geral de Energia e Geologia e o Laboratório Nacional de Energia e Geologia.

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