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“Passos Coelho tem andado um pouco desorientado”

Catarina Martins deixou garantias que o Bloco apoia o Governo “no confronto que é preciso ter com a Comissão Europeia para que o nosso país tenha direito a um banco público”. Apesar de ainda existir “muito por fazer”, a coordenadora bloquista aponta que “a nova maioria protegeu a vida das pessoas”.
Foto de Steven Governo/Lusa.

Em Barcelos, esta quinta-feira à tarde, à margem de uma visita ao bairro social de Arcozelo, Catarina Martins reagiu às declarações do presidente do PSD que, segundo um relato da intervenção deste perante o Conselho Nacional do partido noticiado pelo Diário de Notícias, terá dito que o Governo anda a "rebentar" com a banca para agradar ao Bloco e depois culpar o executivo anterior.

“O Dr. Passos Coelho tem andado um pouco desorientado e só dessa forma se podem perceber estas declarações", respondeu, quando confrontada com as declarações. Isto porque, explicou, “toda a gente sabe que o Bloco de Esquerda não subscreve exatamente as posições do PS sobre a banca”.

“Alias, a única vez que tivemos um orçamento retificativo por questões da banca, do Banif, uma herança pesada, foi graças ao PSD que passou e não ao Bloco de Esquerda”, explanou.

Questionada ainda sobre outra afirmação do líder do PSD, que disse ser “mentira” que a austeridade acabou e previu uma “nova crise”, Catarina Martins garantiu que o Bloco “não anda à procura de crises” e que “também que sabe que a austeridade não acabou”.

“O acordo que nós fizemos permitiu parar o empobrecimento, parámos o empobrecimento com o aumento do salário mínimo, o fim da sobretaxa para 90% dos contribuintes, reforço das prestações sociais com medidas como a renda apoiada mas a austeridade precisa de mais para acabar”, recordou.

Segundo a coordenadora bloquista, para acabar com a austeridade é necessária uma “reestruturação da dívida” para ser possível mais investimento e criação de emprego, algo pelo qual, sublinhou, “o Bloco de Esquerda continua a lutar”.

Catarina Martins garantiu apoio ao Governo na luta pela recapitalização da Caixa Geral de Depósitos contra a Comissão Europeia, que acusa de estar a criar "indefinição" naquela questão.

“Não há nenhuma indefinição em torno da Caixa Geral de Depósitos senão a que resulta da pressão da Comissão Europeia para que a capitalização pública não aconteça. Desse ponto de vista o Bloco apoia o Governo no confronto que é preciso ter com a Comissão Europeia para que o nosso país tenha direito a um banco público”, afirmou.

Acabou ontem uma sessão legislativa que deu resultados”

Acabou ontem uma sessão legislativa que eu acho que deu resultados. Sabemos que ainda há muito por fazer, que o país se mantêm com muita injustiça, muita desigualdade mas sabemos que foi possível durante este tempo ter medidas que foram importantes, desde o aumento do salário mínimo, à reposição de feriados”, disse Catarina Martins

Para a coordenadora do Bloco “o último da sessão legislativa [na quarta-feira], foi um dia que provou que com uma nova maioria parlamentar é possível proteger a vida das pessoas”.

Mudanças que considerou difíceis de aceitar para os partidos do anterior executivo: “De tantas formas o país vai mudando e bem sei que para PSD e CDS isso é penoso mas eu julgo que foi isso que o país escolheu também a 4 de outubro quando houve eleições”, apontou.

Confrontada com as declarações de Marcelo Rebelo de Sousa sobre a proposta do Bloco de um referendo ao Tratado Orçamental, Catarina Martins disse não ser novo, mas deixou um repto ao Presidente da República.

“Sabemos que o Tratado Orçamental não é um tratado europeu e durante o próximo ano vai ter que ser feita essa decisão no seio na União Europeia e nós esperamos que quando esta for feita Portugal não fique, mais uma vez, como um dos países em que os portugueses não são chamados a ter opinião e que seja possível que, por uma vez, quem aqui vive possa ter uma opinião sobre a construção europeia”, disse.

“Julgo que aliás é esse o compromisso do senhor Presidente da República”, finalizou.

Catarina Martins considerou ainda ser preocupante que um acordo anunciado entre dois partidos não seja respeitado, referindo-se à não eleição de Correia de Campos para a presidência do Conselho Económico e Social por não ter conseguido a maioria de dois terços de votos da na Assembleia da República, depois de PS e PSD terem anunciado um acordo para o efeito.

“É entre o PS e PSD que devem perceber o que aconteceu. Eu julgo que é preocupante quando os partidos dizem publicamente que chegaram a acordo e depois o acordo não existe. Os partidos devem saber responder pelos seus compromissos públicos. Da parte do Bloco de Esquerda nós honramos sempre os nossos compromissos”, comentou.

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