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Parlamento Europeu classifica gás e nuclear como energias limpas

Maioria dos eurodeputados aprovou a proposta de taxonomia verde europeia, que inclui os investimentos em infraestruturas de gás e nuclear na categoria de energias limpas. "Quando os lóbis apertam, a maioria entra na linha", reagiu o eurodeputado José Gusmão.
Central nuclear de Dresden. Foto Nuclear Regulatory Commission/Flickr

Por 328 votos contra 278 e 33 abstenções, o Parlamento Europeu não conseguiu bloquear a proposta da Comissão de incluir o gás natural e o nuclear na categoria de investimentos sustentáveis, favorecendo dessa forma o investimento privado nestas fontes de energia. A mesma proposta tinha sido chumbada no mês passado pelas comissões de Ambiente e Economia, mas esse resultado foi agora invertido pelo plenário.

Logo a seguir à votação, o eurodeputado José Gusmão concluiu que "toda a conversa sobre o compromisso da União Europeia reduz-se a isto: quando os lóbis apertam, a maioria entra na linha".

Na véspera da votação, a eurodeputada bloquista Marisa Matias afirmou à Rádio Renascença que a proposta significa na prática uma "lavagem" de formas de energias "altamente poluentes". A aprovação desta taxonomia, na opinião de Marisa, irá "não só atrasar os objetivos do combate às alterações climáticas, como fazer uma lavagem de todos os princípios e acabar por aceitar energias altamente poluentes e que temos que começar a abandonar.

A eurodeputada acrescenta que esta medida vem no sentido contrário dos objetivos de neutralidade carbónica em 2050. Ao reabrir a porta ao investimento em infraestruturas de gás natural e nuclear, a União Europeia está a "voltar décadas atrás no caminho para a transição energética".

Numa altura em que os países europeus procuram reduzir a dependência do gás vindo da Rússia, a sua substituição por gás de outros países “é apenas tapar o sol com a peneira”, ao invés de se apostar no forte investimento em energias renováveis, reiterou Marisa Matias, que tem protagonizado a campanha europeia "Power to the People" a favor da aposta nas energias renováveis e do abandono do uso de combustíveis fósseis na União Europeia.  

Greenpeace e WWF ameaçam recorrer ao Tribunal de Justiça da UE

Em comunicado, as organizações ambientalistas Greenpeace e WWF afirmam que vão contestar a decisão de incluir o gás natural e o nuclear na lista de investimentos sustentáveis da União Europeia. A Greenpeace compromete-se a apresentar junto da Comissão Europeia um pedido formal de revisão interna da taxonomia. Se Bruxelas recusar, seguir-se-á uma queixa junto do Tribunal de Justiça da UE, afirma a agência Lusa.

A WWF promete juntar forças com outras organizações e assim “explorar todas as vias potenciais de ação futura para pôr termo a esta lavagem verde e proteger a credibilidade de toda a taxonomia da UE”.

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