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Papa Francisco apoia campanha para transformar dívida em ação climática

Os fundadores da campanha "Dívida pelo Clima", que apela ao cancelamento da dívida do Sul Global para permitir uma transição justa, ouviram palavras de apoio do papa no Vaticano.
Papa Francisco recebeu Juan Pablo Olsson e Esteban Servat, co-fundadores da campanha Dívida pelo Clima, esta quarta-feira no Vaticano. Foto Debt for Climate

"Obrigado pelo vosso trabalho para unir as pessoas. Continuem, têm o meu apoio", afirmou o papa Francisco ao cumprimentar esta quarta-feira no Vaticano os dois fundadores da campanha global "Dívida pelo Clima", Juan Pablo Olsson e Esteban Servat.

Esta campanha arrancou durante a cimeira do G7 no passado verão e está a juntar trabalhadores, grupos religiosos, indígenas, feministas, ativistas sociais e climáticos de mais de 30 países num apelo aos países ricos, ao FMI e ao Banco Mundial para que cancelem a dívida dos países do Sul Global, vista como um dos principais motores da crise climática ao obrigar esses países a continuar a extrair combustíveis fósseis para poderem pagar a sua dívida com as receitas das exportações.

Além de ficarem presos a um círculo vicioso em que a forma mais rápida de servirem as dívidas é extraírem mais carvão, petróleo ou gás, estes países de médio e baixo rendimento são também os mais afetados pelas alterações climáticas, o que os obriga a contrair mais dívidas para responder a crises como inundações, incêndios ou secas prolongadas. Tanto o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas como o secretário-geral da ONU, António Guterres, vieram recentemente apelar a uma "nova arquitetura da dívida" que liberte esses recursos para investir na adaptação e mitigação das alterações climáticas e na transição para uma energia limpa.

"O Papa Francisco é um líder mundial em prol da justiça social e climática. Ele reconhece a dívida climática que os maiores emissores de carbono do Norte Global devem aos países do Sul Global, que poluíram menos mas são mais afetados pelas alterações climáticas", disse o sociólogo ambientalista argentino Juan Pablo Olsson, co-fundador do Debt for Climate, defendendo que "a anulação da dívida financeira do Sul Global é um primeiro passo fundamental para corrigir esse erro".

"Os nossos países do Sul Global devem biliões de dólares de dívida, e gastam centenas de milhares de milhões de dólares todos os anos a pagar os juros dessa dívida. Isto impede-os de cumprir quaisquer compromissos climáticos, e obriga-os a continuar a expandir a indústria dos combustíveis fósseis. O cancelamento desta dívida levaria a uma ação climática sem precedentes a nível mundial, permitindo uma transição energética justa que poderia deixar biliões de dólares de combustíveis fósseis no solo", afirmou Esteban Servat, cientista argentino a viver na Alemanha e co-fundador da Debt for Climate.

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