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Panama Papers: Manifestação em Londres pela demissão de Cameron
O primeiro-ministro britânico admitiu na quinta feira ter vendido as suas ações num fundo offshore criado pelo seu pai, já falecido, com um lucro de 19 mil libras. A venda ocorreu antes de vender as eleições, mas Cameron já era deputado e nunca declarou a participação no fundo offshore.
Para além das ações, David Cameron afirmou não saber se a herança que recebeu do seu falecido pai, no valor de 300 mil libras, teria ou não beneficiado do estatuto de offshore para efeitos fiscais.
Vários dirigentes do Patido Trabalhista vieram a público acusar Cameron de ter um comportamento eticamente reprovável, ao esconder a sua participação em offshores e a demorar vários dias para admiti-la. “Após quatro dias a recusar responder à questão, David Cameron foi finalmente obrigado a admitir que beneficiou diretamente da Baltimore, uma empresa que não pagou impostos ao longo de 30 anos. Ele deve agora tornar claro se ele ou a sua família estavam a beneficiar direta ou indiretamente em 2013, quando ele pressionava a UE para evitar a regulação mais apertada dos trusts, com medidas para atacar a fuga ao fisco”, declarou o “ministro sombra” trabalhista das Finanças, Richard Burgon, citado pelo Guardian.
A par dos trabalhistas, também os Verdes e o Partido Nacionalista Escocês estão a exigir que Cameron fala uma declaração no parlamento acerca das suas finanças pessoais. “David Cameron deve vir ao parlamento na segunda-feira e ser inteiramente honesto com os cidadãos britânicos – mais fugas à verdade sobre este assunto só farão crescer ainda mais o sentimento de que não se pode confiar neste governo para lidar seriamente com a fuga ao fisco”, afirmou Caroline Lucas, a líder dos Verdes britânicos.
A líder nacionalista escocesa Nicola Sturgeon também defende que Cameron tem explicações a dar aos deputados e que “a sua credibilidade ficou em farrapos, traindo a confiança das pessoas”, pela forma como foi na prática forçado a dar a informação sobre a participação num fundo offshore desde 1997. Cameron só admitiu essa participação numa entrevista à ITV após ser revelado o fundo criado pelo seu pai.
Ken Livingstone, o ex-mayor trabalhista de Londres, foi mais longe ao afirmar que o primeiro-ministro “não deve apenas demitir-se. Deve ir para a prisão”. Livingstone lembrou que ele próprio foi acusado por David Cameron de fuga ao fisco, durante a campanha eleitoral em Londres, que viria a perder.
Manifestação este sábado em Londres
Inspirados pelo exemplo da Islândia, onde o primeiro-ministro foi forçado a pedir a demissão por causa das revelações do Panama Leaks e das manifestações que se seguiram, os ativistas britânicos do UK Uncut agendaram para a manhã deste sábado uma manifestação a pedir a demissão de Cameron em frente à residência oficial do primeiro-ministro em Londres.
A hashtag #ResignCameron tornou-se a mais usada esta sexta-feira pelos utilizadores britânicos do Twitter e uma petição online a pedir ao governo o encerramento de todos os paraísos fiscais sob administração britânica recolheu 125 mil assinaturas em 48 horas.
O efeito político das revelações do Panama Leaks já está a prejudicar o líder conservador, que está em plena campanha para defender a permanência do Reino Unido na União Europeia. Pela primeira vez, o barómetro do portal YouGov coloca Jeremy Corbyn acima de Cameron no que toca às taxas de aprovação, num . E quando o assunto é combate à fuga ao fisco, Corbyn é a figura política que recolhe mais confiança dos eleitores.
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