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Palestina em greve geral contra bombardeamento

Paralisação abrange Gaza, Cisjordânia e se estende a Jerusalém e a várias localidades israelitas. Em comunicado, a Fatah apela a sanções contra o apartheid de Israel. Sobre um eventual cessar-fogo, o exército israelita diz que agora está "concentrado em disparar".
Edifício do Ministério da Saúde em Gaza destruído pelos bombardeamentos na segunda-feira
Edifício do Ministério da Saúde em Gaza destruído pelos bombardeamentos na segunda-feira. Foto Haitham Imad/EPA

Esta terça-feira as lojas não abriram nos territórios ocupados da Palestina. A greve geral está a ser cumprida na Faixa de Gaza, Cisjordânia, Jerusalém Oriental e nos bairros árabes de algumas localidades em Israel. Em Ramallah, a repórter da Al-Jazeera Nida Ibrahim diz que “é a primeira vez em décadas que vemos os palestinianos de todas as fações políticas a participarem numa greve geral”. Para o diretor do Instituto Palestiniano de Diplomacia, Salem Barahmeh, “é importante erguermo-nos unidos e ultrapassamos a fragmentação imposta por Israel aos pelestinianos” com o objetivo de expor aquele país “como o regime de apartheid que é”.

Mas o dia começou também com mais bombardeamentos aéreos contra edifícios em Gaza. O balanço provisório desde o início dos ataques é de 212 palestinianos mortos, incluindo 61 crianças, e mais de 1.500 feridos. Do lado israelita contam-se dez mortos, incluindo duas crianças e mais de 300 feridos.

A ONU revelou esta terça-feira que os ataques israelitas já provocaram mais de 58 mil deslocados, pessoas que viram a sua habitação destruída pelas bombas que atingiram cerca de 450 edifícios, incluindo seis hospitais e nove centros médicos de atendimento. 47 mil destes novos sem-abrigo encontraram refúgio nas 58 escolas geridas pela ONU em Gaza. Além dos bombardeamentos, os hospitais de Gaza sofrem também com os cortes de eletricidade e água, com o ministro da Saúde a apelar à doação de sangue e a denunciar a falta de medicamentos e material médico. Um dos alvos da aviação israelita foi o edifício onde funcionava a primeira impressora 3D construída de raiz em Gaza a partir de um projeto open source, já que o bloqueio israelita impede a importação destes materiais. Durante anos, esta impressora Tashkeel3D fabricou estetoscópios, torniquetes e outro material médico para os hospitais locais.

Na Cisjordânia, a Fatah, que detém o comando da Auoridade Nacional Palestiniana, emitiu na segunda-feira um apelo à mobilização internacional para “um movimento anti-apartheid com o objetivo de pôr fim ao apartheid israelita e à ocupação da Palestina”.

“Apelamos a sanções imediatas para o apartheid israelita, tal como foram aplicadas contra o apartheid sul-africano no âmbito da Convenção de 1973 para a supressão e punição do crime de Apartheid”, diz o comunicado que defende o fim de todo o tipo de comércio, a começar pelo das armas, e o corte de relações diplomáticas com o apartheid israelita.

"Cessar-fogo? Estamos concentrados em disparar!", diz porta-voz do exército israelita

No plano internacional, o presidente russo Vladimir Putin voltou a apelar ao fim da violência, defendendo que qualquer solução se deve basear nas resoluções do Conselho de Segurança da ONU. Por seu lado, o presidente norte-americano Joe Biden voltou a telefonar a Netanyahu mas não exigiu o fim da violência, limitando-se a exprimir apoio a um cessar-fogo e ao direito de Israel a defender-se dos rockets lançados a partir de Gaza.

Mas o cessar-fogo não parece estar para breve, a crer na declaração feita à rádio do exército pelo porta-voz dos militares israelitas, citado pela Reuters. “As Forças de Defesa de Israel não estão a falar de cessar-fogo. Estamos concentrados em disparar”, disse o general-brigadeiro Hidai Zilberman, referindo-se à lista de alvos em Gaza que pretende destruir nas próximas 24 horas.

Ao mesmo tempo, a Amnistia Internacional condenou a intenção de Washington de vender armas a Israel, num negócio avaliado em 735 milhões de dólares. "Ao fornecer armas que podem ser usadas para cometer crimes de guerra, o governo dos EUA assume o risco de alimentar mais ataques contra civis e ver mais gente morrer ou ficar ferida por armas norte-americanas”, afirmou à Al-Jazeera Phillipe Nassif, o responsável da ONG nos EUA pela região do Médio Oriente e Norte de África.

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