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Países africanos obrigados a gastar milhões por causa de alterações climáticas
Segundo um relatório da organização não governamental Power Shift Africa, divulgado esta sexta-feira, para lidar com as alterações climáticas, os países africanos estão a ser obrigados a gastar milhares de milhões de dólares que poderiam ser investidos nos seus sistemas de saúde, de ensino e no combate à pobreza.
O documento, intitulado, “Adaptar-se ou morrer: uma análise das estratégias africanas de adaptação climática”, estima que uma média de 4% do PIB destes países tenha de ser gasto por causa do aquecimento global.
África é considerada uma das regiões mais afetadas, agora e no futuro, por este fenómeno. É também um continente que tem alguns dos países mais pobres do mundo e que menos contribui para as alterações climáticas. Por isso, o dirigente da Power Shift Africa, Mohamed Adow, considera que o relatório mostra “a profunda injustiça da emergência climática”. Esta traduz-se no facto de que “alguns dos dos países mais pobres do mundo estão a ser obrigados a usar os seus escassos recursos para se adaptar a uma crise que não é sua obra. Apesar de terem pegadas de carbono muito pequenas comparadas com as dos países ricos, estes países africanos estão a sofrer com secas, tempestades e inundações que estão a sobrecarregar as finanças públicas já no limite e a limitar a sua capacidade de enfrentar outros problemas”.
A organização exige que os países mais ricos e mais poluidores “que causaram as alterações climáticas em primeira instância assumam a sua responsabilidade e apoiem as comunidades e países vulneráveis a adaptar-se às inevitáveis e profundas mudanças no clima”.
Adow nota que, em 2009, os países mais ricos tinham prometido contribuir com 100 mil milhões de dólares por ano mas que essa meta nunca chegou a ser alcançada. Para além disso, a maior parte desse dinheiro foi para negócios de energia eólica e de painéis solares com o pretexto de cortar as emissões e não para medidas de fundo que permitissem a adaptação climática.
O estudo dedica-se também a analisar os planos de adaptações que Etiópia, Quénia, Libéria, Serra Leoa, África do Sul, Sudão do Sul e Togo apresentaram às Nações Unidas. A Etiópia, por exemplo, está a gastar 6% do seu PIB neste processo. O Sudão do Sul, o segundo país mais pobre do mundo deve gastar 376 milhões de dólares por ano, 3.1% do seu PIB. A Serra Leoa 90 milhões.
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