You are here

Os “químicos eternos” foram descobertos em animais selvagens do mundo inteiro

Os PFAS, ligados a várias doenças nos seres humanos, foram detetados em 330 espécies espalhadas pelo mundo inteiro em 125 estudos científicos. Os cientistas dizem que a contaminação química generalizada é mais uma ameaça de extinção para as espécies em risco.
Golfinhos. Foto de Jon Fisher/Flickr.
Golfinhos. Foto de Jon Fisher/Flickr.

Chamam-se substâncias perfluoroalquiladas e são conhecidas quer pela sua sigla em inglês, PFAS, quer pelo nome de “químicos eternos” pela sua durabilidade. Este conjunto de cerca de 12.000 químicos sintéticos são usados para fabricar produtos resistentes à água, às nódoas e ao calor, poluem o ar, a água e o solo, estão ligados ao cancro, doenças hepáticas, stress renal, aumento do colesterol, problemas do sistema imunitário, problemas reprodutivos e complicações fetais e vários outros problemas de saúde graves. Foram agora detetados em 330 espécies animais espalhadas por todo o mundo.

Uma análise inédita de 125 estudos científicos ao nível global, publicada esta quarta-feira pelo Environmental Working Group, dá uma amostra significativa da dimensão da disseminação ilustrada através de um mapa interativo. Os autores alertam ainda assim que este está longe de ser exaustivo, porque é restringido aos estudos existentes, mas que onde quer que estudos tenham sido feitos o resultado tem sido consistentemente o mesmo: são detetados PFAS na vida animal selvagem.

David Andrews, especialista da EWG, destaca que “demorou seis décadas de investigação em seres humanos para compreender verdadeiramente como é que estes químicos têm impacto na nossa biologia de tantas formas diferentes… e não há razão nenhuma para acreditar que estes mesmos impactos não ocorram na vida selvagem”. O cientista defende que “o próximo passo ainda precisa de acontecer” e que esta descoberta “deveria ser um apelo a restrições muito maiores”.

No mesmo sentido, Nathan Donley, diretor de ciências da saúde do Centro para a Diversidade Biológica diz que “desde o urso polar nos confins do Ártico até à tartaruga-de-pente nos trópicos do Oceano Pacífico, as espécies mais ameaçadas do mundo têm ainda outro perigo a enfrentar: a poluição química dos PFAS” e que “a nossa escolha é ou continuar a permitir a extinção com contaminação química generalizada ou tomar medidas para a evitar”.

A União Europeia tem em avaliação, desde há perto de um mês, uma proposta que visará banir a produção, venda e uso de quase 10.000 destas substâncias. A Agência de Proteção Ambiental dos EUA declarou os dois PFAS mais conhecidos como “substâncias perigosas” e prepara-se para emitir regras de forma a tentar diminuir o seu impacto na água potável, depois de uma análise do governo federal ter descoberto que a maioria dos seus cidadãos têm este tipo de químicos no seu sangue.

Termos relacionados Ambiente
(...)