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Organização Mundial de Meteorologia alerta para consequências de aumento da temperatura

O Relatório Climático de 2019 apresenta dados preocupantes sobre aumento da temperatura. Oito milhões de pessoas sofrerão de fome, aumentam furacões, ciclones, inundações, de deslizamento de terras, secas e fogos florestais. Guterres diz que calor nos oceanos aumenta “a um ritmo de cinco bombas de Hiroshima por segundo”.
Sinal com autocolante contra o aquecimento global.
Sinal com autocolante contra o aquecimento global. Foto de Katie Campbell/Flickr.

O Relatório sobre o Estado do Clima em 2019, elaborado pela Organização Mundial de Meteorologia e divulgado esta terça-feira, revela que há 10% de possibilidades da meta máxima de aumento de temperatura estabelecida no acordo de Paris ser atingida até 2024.

Segundo o secretário-geral da instituição, Petteri Taalas, “a temperatura global entre o ano de 2020 e o de 2024 deverá ser entre 1.06ºC e 1.62ºC superior às temperaturas médias globais entre 1850-1900”. O patamar “de segurança” acordado em Paris era de 1,5º.

A versão final deste relatório confirma dados provisórios que já tinham sido divulgados em dezembro do ano passado na COP-25 em Madrid. A última década foi a mais quente desde que se guardam registos. Destacando-se o ano de 2019 como o segundo ano mais quente de que há memória, com temperaturas 1,1º mais elevadas dos que os níveis pré-industriais.

As consequências, alertam os especialistas, estão já a sentir-se. Taalas explicou-o através de vários exemplos: “o aquecimento do Ártico e o aumento das temperaturas no Inverno na Europa. E os fogos florestais na Austrália e no Ártico. No ano de 2019, disse, foram batidos vários recordes, mas o que mais saltou à atenção dos cientistas foi a forma como “os incêndios no Ártico e na Austrália estão a causar enormes emissões para a atmosfera”.

Outro exemplo disto é a praga de gafanhotos que atinge Quénia, Somália e Etiópia que está a devastar colheitas, ameaçando de fome milhões de pessoas. Esta é causada por uma alteração dos padrões de chuva causada pelo aquecimento dos oceanos. A FAO, agência da ONU para as questões alimentares, alerta aliás que, nos próximos anos, oito milhões de pessoas sofrerão de fome devido a questões climáticas.

Esta questão é, aliás, uma das mais vincadas no relatório deste ano. Os oceanos estão a absorver mais de 90% do calor em excesso na atmosfera e a subida do nível dos mares acontece ao ritmo mais acelerado de sempre, entre os três e quatro milímetros por ano. O que causa, segundo o secretário-geral da OMM, “grandes furacões e ciclones”, um aumento das inundações, de deslizamento de terras, secas e fogos florestais. O aumento de mais de dois milhões de casos de dengue que causaram 1.250 mortes é outra das consequências letais identificadas.

Cinco bombas de Hiroshima por segundo

Na ocasião da apresentação do relatório, António Guterres declarou que os oceanos absorvem calor equivalente “a um ritmo de cinco bombas de Hiroshima por segundo”. A concentração de gases com efeito de estufa atingiu o nível mais elevados dos últimos três milhões de anos, informou.

Para o secretário-geral da ONU, “o ano de 2020 é fundamental para definirmos como vamos lutar contra as alterações climáticas. Não temos tempo a perder”, disse, considerando fundamental “uma transição energética rápida”.

Sublinhando que “os países do G20 são responsáveis por 80% das emissões planetárias”, Guterres avançou desde já prioridades para a próxima cimeira do clima. Quer uma revisão dos planos climáticos nacionais, estratégias para atingir a neutralidade carbónica até 2050, acabar com subsídios a combustíveis fósseis, um pacote de iniciativas para contrariar efeitos das alterações climáticas, investimento em tecnologias ecológicas entre outras medidas.

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