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Onda de calor na Sibéria

As temperaturas atingiram 10 graus acima da média e, na semana que passou, o serviço europeu de alterações climáticas deu o alerta. Cientistas chamam a atenção para o degelo.
Alerta vermelho para o norte da Sibéria, temperaturas de janeiro a abril de 2020 - mapa da NOAA (Administração Oceânica Atmosférica Nacional dos EUA)
Alerta vermelho para o norte da Sibéria, temperaturas de janeiro a abril de 2020 - mapa da NOAA (Administração Oceânica Atmosférica Nacional dos EUA)

O jornal “The Guardian” deu o alerta na passada quarta-feira, relacionando a onda de calor com as alterações climáticas, com os incêndios que estão a aumentar e com um grande derrame de combustível.

A onda de calor que se vem registando na Sibéria, nos últimos meses, vem alertando para uma subida “alarmante” na região. Em Nizhnyaya Pesha, uma cidade russa já no Círculo Polar Árctico, foram registados 30 graus Celsius a 9 de junho, enquanto que em Khatanga atingiu-se os 25ºC a 22 de maio. Em circunstâncias normais, as temperaturas rondam os zeros graus durante o dia nesta altura do ano.

O serviço europeu de alterações climáticas Copernicus (C3S) alertou, na semana que agora terminou, para as elevadas temperaturas, que nalgumas zonas da Sibéria estão a ser de 10º acima da média.

Martin Stendel, do Instituto Meteorológico Dinamarquês, disse ao The Guardian que estas temperaturas anormais, provavelmente aconteceriam na Sibéria apenas uma vez em cada 100.000 anos, sem aquecimento global causado pela humanidade.

Freja Vamborg, uma cientista sénior do C3S, disse ao jornal: “É sem dúvida um sinal alarmante, mas não foi apenas maio que foi extraordinariamente quente na Sibéria. Todo o inverno e a primavera tiveram períodos repetidos de temperaturas do ar acima da média na superfície”.

Marina Makarova, meteorologista chefe do serviço meteorológico da Rússia em Rosgidromet, disse ao jornal que “este inverno foi o mais quente da Sibéria desde que os registos começaram há 130 anos”, referindo que “as temperaturas médias foram até seis graus mais elevadas” para esta época do ano.

O presidente russo, Vladimir Putin, já alertara, em dezembro passado, para as elevadas temperaturas, considerando que a situação é “muito séria”, podendo começarem a derreter algumas cidades do norte do Círculo Polar Ártico.

Os cientistas preveem que 2020 possa vir a ser o ano mais quente de que há registo, devido a este aumento da temperatura na Sibéria, apesar da queda das emissões globais de dióxido de carbono, devido à covid-19.

Os especialistas dizem que as temperaturas nas regiões polares estão a subir rapidamente devido ao facto de as correntes marítimas transportarem o calor para os pólos, provocando o derretimento do gelo e da neve. Os cientistas ouvidos pelo jornal britânico alertam para o degelo, que pode ter estado na origem de um grande derrame de combustível no Ártico, e para o aumento do número de incêndios.

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