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OMS atribui disparo da pandemia na Índia a “tempestade perfeita”

Ajuntamentos em massa, baixas taxas de vacinação e o surgimento de novas variantes levaram a Índia a sofrer novos máximos de infeções e óbitos, ultrapassando a fasquia dos 200 mil mortos.
Fila para a vacina em Mumbai
Fila para um centro de vacinação em Mumbai. Foto Divyakant Solanki/EPA

Nas últimas 24 horas, a Índia registou 360 mil casos positivos de infeção pelo novo coronavírus e 3.293 óbitos, ultrapassando assim os 200 mil mortos desde o início da pandemia. Numa conferência de imprensa realizada na terça-feira, um porta-voz da Organização Mundial de Saúde atribuiu o disparar de novos casos a uma “tempestade perfeita”. Depois de um início do ano com os números de novas infeções em queda, o mês de abril e em particular os últimos dias viram esses números mais do que triplicar face ao anterior ponto máximo registado em setembro passado, levando ao colapso da resposta dos serviços de saúde.

“Já vimos trajetórias semelhantes de aumento da transmissão em vários países, mas não a esta escala e não com o mesmo impacto sobre o sistema de saúde como estamos agora a ver na Índia”, afirmou a especialista-chefe da OMS Maria van Kerkhove.

Para o porta-voz da OMS, Tarik Jasarevic, as causas dessa “tempestade perfeita” são, por um lado, uma atitude mais complacente das autoridades e dos cidadãos que baixaram a guarda, atendendo à diminuição de casos e ao início da vacinação. Regressaram os ajuntamentos em massa nos rituais religiosos, festivais populares e comícios eleitorais e esta falsa sensação de segurança levou também cada vez mais pessoas a circular nas ruas sem máscara de proteção. Por outro lado, a baixa taxa de vacinação e o surgimento da nova variante B1617, que os especialistas julgam ser mais infeciosa, com duas mutações, também terão contribuído para a trágica situação atual.

O porta-voz da OMS alertou também que a pressão sobre o sistema de saúde indiano era em grande medida evitável, pois apenas 15% dos doentes com covid-19 necessitam de tratamento hospitalar, pelo que apela a um trabalho de testagem e triagem mais eficiente para acabar com esta corrida aos hospitais. Mas a capacidade dos laboratórios de testagem está também ela no limite nas grandes cidades, o que tem impedido muitas pessoas de conseguirem fazer o teste.

Segundo o Guardian, a taxa de casos positivos em Nova Deli aumentou para mais de 35%, enquanto em Calcutá, capital do estado de Bengala Ocidental que atravessa agora uma campanha eleitoral, ela já se aproxima dos 50%.

A falta de oxigénio nos hospitais é outro dos grandes problemas na resposta à emergência sanitária. União Europeia, Reino Unido, Estados Unidos e outros países já anunciaram o envio de material e apoio urgente para evitar um colapso maior dos serviços de saúde indianos.

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