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Odemira: as cinzas depois do fogo

Um mês e meio após o incêndio que devastou o concelho de Odemira, a sul de São Teotónio e se propagou ao concelho de Aljezur, galgando por diversas vezes as margens íngremes da Ribeira de Seixe, impõe-se um rescaldo. Foi este o tema principal da reunião da Coordenadora Distrital de Beja do Bloco, em Odemira, que se prolongou no dia seguinte com uma visita guiada às zonas mais afetadas pelo incêndio.
As imagens falam por si: as cinzas cobrem grande parte do território e podem tornar-se uma ameaça com as chuvas de Outono, sobretudo nas zonas escarpadas do interior. A vida teima em ressurgir, mas as dificuldades saltam à vista, sobretudo nas explorações agrícolas familiares (as estufas à beira-mar não foram afetadas), nas habitações dispersas e até em unidades turísticas que privilegiam o contacto com a natureza e a preservação ambiental. A solidariedade entre vizinhos, incluindo muitos imigrantes que aqui habitam, foi essencial no combate ao fogo e para garantir a subsistência nos dias seguintes.
Os prejuízos calculados pelas autarquias ultrapassam 15 milhões de euros e os apoios estão prometidos pelo Governo para outubro. Exige-se equidade, para que o dinheiro não vá parar aos bolsos da meia dúzia do costume – o que é bastante provável, pois já há quem reclame 1 milhão de euros…
Ainda em Odemira, é preocupante o nível de armazenamento das barragens de Corte Brique (33,4%) e Santa Clara (31,8%) – dados de Agosto 2023 – tanto mais que a gestão deste recurso escasso na bacia do Mira está nas mãos duma Comissão Administrativa nomeada pelo MAA, onde pontifica o Sr. Filipe de Botton, proprietário da Logofruits; tendo esgotado em Junho a dotação máxima de 1800 m3 de água por hectare, decidiu atribuir-se a si próprio e aos beneficiários do Mira mais 1000 m3 por hectare.
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