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"O transporte de animais vivos é inerente aos maus tratos"

O Esquerda.net entrevistou a Coordenadora de Proteção à Vida Animal da autarquia de Santos, no Estado de São Paulo. Leila Abreu de Oliveira fala sobre a luta ativista local, que obteve uma enorme vitória, com a notícia da proibição, pelo autarca da cidade, de todo o transporte de animais vivos.
Foto da PATAV - Plataforma Anti-Transporte de Animais Vivos.

Leila Abreu de Oliveira foi uma das ativistas envolvidas na luta contra o transporte de animais vivos levada a cabo no Porto de Santos, o maior porto da América Latina. Recentemente, o movimento obteve uma enorme vitória, com a notícia da proibição, pelo autarca da cidade, de todo o transporte de animais vivos, devido às condições degradantes em que este se realizava.

Em entrevista ao Esquerda.net, conduzida por Maria Manuel Rola, deputada do Bloco, Leila Abreu de Oliveira explica que “a luta começou em dezembro de 2017, quando, depois de 20 anos, o primeiro navio de bois acabou por atracar” no Porto.

A Coordenadora de Proteção à Vida Animal da autarquia de Santos assinala que, em conjunto com ativistas, recolheram imagens que retratavam as condições do transporte rodoviário dos animais e que, perante esses registos, o autarca determinou que “poderiam parar os camiões que chegassem para fiscalização de maus tratos”.

“A partir dessa fiscalização, de vídeos e fotos, conseguimos multar a empresa por maus tratos aos animais, porque as condições de transporte rodoviário são péssimas. Paralelamente, já existiam ações judiciais feitas a nível federal e estadual para bloquear esse transporte”, conta.

De acordo com Leila Abreu de Oliveira, um juiz federal determinou que um veterinário da autarquia entrasse no navio.

“Encontrámos uma verdadeira barbárie”, descreve, sublinhando que “o transporte de animais vivos é inerente aos maus tratos”.

“A partir daí, o navio ficou parado cinco dias, por ordem judicial, e o cheiro na cidade ficou insuportável. Vimos todos os horrores possíveis lá dentro”, continua.

Após os cinco dias, o navio foi libertado e, partir daí, a mobilização por parte da autarquia impediu a entrada dos camiões com bois para a exportação de animais vivos, segundo relata a ativista.

“O que a gente aprendeu foi que o ativismo precisa de ser divulgado pelo maior número de pessoas possível, precisa de incomodar aquelas pessoas que não querem ser incomodadas, ou seja, o exportador, ou o transportador, o próprio porto mesmo”, vinca Leila Abreu de Oliveira.

A ativista avançou ainda que é preciso explicar que a atividade “não traz lucro, a população está a ser enganada, isso não traz lucro para a cidade, não traz lucro para o país”.

“O lucro é para onde os bois são desembarcados. Isso tira emprego do nosso país”, aponta.

Leila Abreu de Oliveira lembra o apoio da população portuguesa durante a luta contra o transporte de animais vivos e destaca a importância da partilha de experiências.

 

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