O recuo da federação de futebol é uma vitória das jogadoras

25 de June 2020 - 17:23

O grupo parlamentar do Bloco de Esquerda reuniu com atletas do movimento Futebol Sem Género, depois da FPF ter recuado na proposta de establecer um teto salarial no futebol feminino. O deputado Luís Monteiro defendeu a abertura de um debate sobre a precariedade no futebol feminino.

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Deputados do Bloco reúnem no Parlamento com atletas do movimento Futebol Sem Género e com o seu advogado. Foto de esquerda.net

Esta quinta-feira, o grupo parlamentar do Bloco de Esquerda reuniu com atletas do movimento “Futebol Sem Género” e com o seu advogado. Depois da reunião, o deputado Luís Monteiro afirmou que o recente recuo da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), sobre a proposta de um teto salarial para esta modalidade, “é uma vitória das jogadoras”. E garantiu que o Bloco não irá desistir de defender a igualdade de género no desporto, prometendo, para isso, utilizar os instrumentos parlamentares ao seu dispor.

Desde o primeiro momento o Bloco manifestou a sua discordância com a decisão da FPF de estabelecer um teto salarial no futebol feminino. Para o deputado Luís Monteiro, esta proposta era, além de inconstitucional, “uma afronta ao que tem sido o esforço destas atletas” e à necessidade de “reconhecimento do trabalho no futebol feminino”.

A FPF recua porque “existiu uma negociação com o sindicato, para encontrar outras medidas”, mas “não assumiu o erro”, sublinha o deputado, que diz ainda não se saber que medidas são essas e que a questão do teto salarial “não é negociável”.

“Esta é uma vitória destas atletas que em menos de uma semana conseguiram juntar mais de 250 profissionais nesta luta”, prosseguiu Luís Monteiro, adiantando que no decorrer da reunião lhe foi dado conhecimento de outras matérias que devem ser postas em cima da mesa.

Em primeiro lugar, a informalidade da ligação destas atletas com os seus clubes, incluindo “os principais emblemas nacionais”. Esta é uma modalidade onde abundam os falsos recibos verdes, os pagamentos através de subsídios e onde apenas cerca de 70 atletas tem um contrato estável com os seus clubes. “É importante abrir um debate sobre a precariedade do futebol feminino”.

“Se os clubes e a FPF acreditam que o futebol feminino e a participação das mulheres nas várias modalidades deve ser uma marca distintiva no nosso país, estas atletas não podem ser tratadas de forma completamente oposta ao que é a realidade do futebol masculino” diz o deputado bloquista.

Até agora estas atletas não foram consultadas pela FPF, nem antes da proposta do teto salarial nem até ao dia de hoje. Na reunião, as atletas mostraram preocupação com o facto de no próximo dia 1 de Julho ser publicado o novo regulamento para o futebol feminino, que vai regulamentar os vários aspectos desta modalidade, nomeadamente a convenção colectiva de trabalho e sobre os seus direitos enquanto atletas, a sua ligação aos clubes. É importante incluir as atletas neste debate, sendo que estas desconhecem as contrapartidas dadas pelo sindicato dos jogadores para ter deixado cair a questão do teto salarial

Da parte do Bloco de Esquerda, o deputado Luís Monteiro manifestou a disponibilidade para utilizar os vários instrumentos parlamentares disponíveis, tais como a possibilidade de audição da FPF e do movimento “Futebol Sem Género”, na Comissão de Educação, Ciência, Juventude e Desporto.