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“O maior risco para o país é o sistema financeiro”

No debate quinzenal com o primeiro-ministro, Catarina Martins questionou António Costa sobre o processo de venda do Banif, com os contribuintes a capitalizarem o Santander, temendo que o mesmo cenário se repita no caso do Novo Banco, por pressão europeia.
Catarina Martins no debate quinzenal com o primeiro-ministro.

No debate quinzenal desta sexta-feira, a porta-voz bloquista voltou a referir-se à operação de resolução do Banif, apoiando-se nas contas do economista Ricardo Cabral, que concluiu que a recapitalização do banco com dinheiros públicos, antes da sua venda ao Santander, aumentou o seu racio de capital para 40%, quando o mínimo legal é de 8%. Ou seja, quintuplicou a verba necessária para a recapitalização com dinheiro dos contribuintes.

“As pessoas já estão fartas de ver tanto dinheiro público para depois vender tão barato. Afinal, quanto valia o Banif quando foi vendido e qual era o seu racio de capital?”, questionou Catarina Martins. Na resposta, António Costa remeteu para os trabalhos da comissão de inquérito que poderá determinar o que aconteceu ao longo de todo o processo, aproveitando para desmentir que existisse uma proposta vinculativa de um concorrente que traria menos prejuízo para os cofres públicos.

Catarina Martins regressou ao debate, responsabilizando o Banco de Portugal e as instituições europeias por conhecerem as contas do banco nos últimos anos. “Ou as autoridades mentiram quando deixaram passar contas marteladas do Banif ou mentiram quando

"É difícil explicar que sejamos a sorte grande da maior banca europeia”

“Em qualquer dos casos saiu a sorte grande ao Santander, o segundo maior banco europeu. E num país com tantas dificuldades como Portugal, é difícil explicar que sejamos a sorte grande da maior banca europeia”, prosseguiu.

“Se nada for feito para mudar as regras, se continuarmos a confiar no Banco de Portugal e a obedecer às ordens da Comissão Europeia e ao BCE, vamos continuar a capitalizar a banca europeia à conta dos contribuintes portugueses. Estamos a pagar para ficar sem banca nacional”, concluiu Catarina, perguntando se o mesmo irá acontecer com o Novo Banco.

“Aquilo que queremos evitar é a repetição do cenário anterior”, afirmou António Costa, referindo-se à tentativa de venda à pressa do ex-BES antes das eleições pelo anterior governo. O primeiro-ministro lembrou que obteve a prorrogação até agosto de 2017 para a venda do Novo Banco, procurando assim “garantir o menor sacrifício possível para os contribuintes”, mas sublinhando que nunca acreditou no anterior governo quando disse que a operação não iria custar um cêntimo aos contribuintes.

“O maior risco para o nosso país é o sistema financeiro”, prosseguiu Catarina, assumindo as divergências com o Governo ao defender que o Novo Banco deve ser público.

Catarina Martins referiu-se ainda à votação seguinte, sobre a reposição das 35 horas semanais na Função Pública. “É preciso dar esse mínimo de justiça”, defendeu Catarina, referindo que os serviços onde essa medida irá obrigar a contratações são os que já sentem a falta de pessoal. “Adiar a implementação das 35 horas não resolve esses problemas, só os aumenta”, concluiu.

O tema dos exames impostos pelo governo anterior às escolas também fez parte deste debate, revelando a convergência de posições entre António Costa e Catarina Martins. Enquanto a líder bloquista apontou o equívoco da direita ao julgar que alguém para além da sua bancada tem saudades de Nuno Crato, o primeiro-ministro foi mais longe e afirmou que “nem sequer nas bancadas da direita todos têm saudades de Nuno Crato”.

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