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“O combate à corrupção e à evasão fiscal é uma questão de democracia e soberania”

Durante o almoço nacional do 17º aniversário do Bloco, Catarina Martins sublinhou que os bloquistas não desistem “do passo essencial: acabar com a austeridade”. Encontro contou ainda com as intervenções de António Capelo, Francisco Louçã, João Semedo, Luís Fazenda e Fernando Rosas.

Este sábado, o Bloco de Esquerda celebrou o seu 17º aniversário na Voz do Operário, em Lisboa. A primeira intervenção da tarde coube ao ator António Capelo, que leu um trecho do livro "Périplo", de Miguel Portas, acerca dos refugiados. O fundador do partido esteve, aliás, bem presente durante toda a iniciativa. Este encontro contou ainda com as intervenções de Catarina Martins, Francisco Louçã, João Semedo, Luís Fazenda e Fernando Rosas.

Catarina Martins destacou o papel do Bloco na construção de uma alternativa à direita que, “se é diferente, terá de se fazer sentir a diferença na vida nas pessoas”, sublinhando que “o país não vive tempos fáceis e o Bloco não está confortado com o que se conseguiu fazer”.

O Bloco não desiste do passo essencial: acabar com a austeridade. Há confrontos que são inevitáveis e o Bloco de Esquerda cá está para juntar as forças para os fazer.

Garantindo que os bloquistas nunca procurarão “pretextos para fragilizar um acordo de maioria” que quiseram, para o qual trabalharam e continuam a trabalhar a cada dia, porque sabem “ser essencial para parar o empobrecimento do país”, vincou, por sua vez, que o Bloco não desiste “do passo essencial: acabar com a austeridade”. “Há confrontos que são inevitáveis e o Bloco de Esquerda cá está para juntar as forças para os fazer”, salientou a deputada.

Catarina Martins fez ainda referência à “prepotência do Governador do Banco Central Europeu, eleito por ninguém” que veio dizer que as reformas que foram chumbadas nas eleições de 4 de outubro são para continuar. “Respeitar a democracia está no oposto desta chantagem”, defendeu a dirigente do Bloco, salientando que “a escolha entre a soberania popular ou a chantagem europeia e financeira decidirá o futuro no nosso país”.

Segundo a porta voz bloquista, “decisões impostas ao país como a da entrega do Banif ao Santander são duplamente criminosas”.

A concentração da banca europeia está a ser paga pelos países mais fragilizados. É um assalto e cheira mesmo a corrupção. Defender Portugal exige a coragem de denunciar esta operação e recusar a perda dos centros de decisão nacional

“A concentração da banca europeia está a ser paga pelos países mais fragilizados. É um assalto e cheira mesmo a corrupção. Defender Portugal exige a coragem de denunciar esta operação e recusar a perda dos centros de decisão nacional. Onde há dinheiro público, que mande o Estado”, avançou.

Para Catarina Martins, “vender o Novo Banco será repetir o erro BPN e Banif e ficar a ver o resto do sistema financeiro, e muito particularmente a Caixa Geral de Depósitos e o erário público, a sofrer as consequências desastrosas de mais um financiamento encapotado à banca internacional”, do mesmo modo que “não se pode aceitar a proibição hipócrita da Comissão Europeia de recapitaliação pública da Caixa Geral de Depósitos”.

Salientando que “onde falta salário, escola ou médico há um buraco do assalto do sistema financeiro ao país”, a porta voz do Bloco afirmou que este assalto é “quase sempre tolerado com a desculpa de que foi a Europa que mandou ou que, como no caso da enorme evasão fiscal dos offshores e outros que tais, só uma ação global o pode travar”.

“No Bloco de Esquerda sabemos que a luta é internacional, mas também sabemos que a desculpa da solução global, quando chega à finança, não tem nada de luta e tudo de desistência, de cumplicidade com o crime”, avançou a deputada, lembrando que “há 17 anos, tantos quantos tem de vida, que o Bloco apresenta medidas para acabar com o assalto dos offshores e seguir o rastro do dinheiro”.

“PS, PSD e CDS votaram contra todas as propostas. Agora estão chocados com o escândalo dos panama papers. Antes terão ficado com o swissleaks, o luxleaks, com as comissões de inquéritos do BPN ou do BES”, lembrou Catarina Martins, vincando que “o combate ao crime, que é disso que se trata, crime - corrupção, lavagem de dinheiro, máfias, evasão fiscal - é uma questão de democracia e soberania”.

“A geringonça ainda se vai rir dos derrotados que lhe deram o nome”

O dirigente bloquista João Semedo afirmou, durante a sua intervenção, que “o Bloco é uma esquerda que faz da liberdade o pilar de todos os direitos políticos”.

“O Bloco vive um tempo de grande responsabilidade, de grande compromisso popular como nunca tinha acontecido até hoje”, destacou ainda Semedo, rematando que “a geringonça ainda se vai rir dos derrotados que lhe deram o nome”.

“O verdadeiro motor da força do Bloco de Esquerda está nas lutas sociais”

O historiador Fernando Rosas afirmou que “a criação do Bloco foi a mais significativa alteração do panorama político português na transição do século XX para o século XXI”, defendendo que o partido “iniciou a rutura do monopólio rotativo ao centro da vida política portuguesa”, sendo que “só é possível falar da solução política que hoje existe em Portugal” devido ao seu aparecimento, há 17 anos atrás.

Segundo Rosas, “o verdadeiro motor da força do Bloco de Esquerda está nas lutas sociais”.

“No tempo da política do medo, o Bloco é o partido da rebeldia”

Francisco Louçã falou sobre a coerência do Bloco de Esquerda. “No tempo da política birrenta, o Bloco é o partido com que se conta”, sublinhou Louçã, adiantando que “sabemos onde estão as batalhas porque temos de saber contra quem nos batemos”. Referindo-se ao PSD, o ex líder bloquista referiu que “um partido que hoje se concentra nas eleições autárquicas não tem nada a dizer ao país”.

Francisco Louçã adiantou ainda que “no tempo da política do medo, o Bloco é o partido da rebeldia” contra a “política que destrói a Europa” e que, “no tempo dos recuos, o Bloco é o partido que não se desvia no seu caminho porque sabe para onde vai”.

“Coerência e consistência do Bloco marcaram e continuam a marcar o espaço político”

Segundo Luís Fazenda, o Bloco de Esquerda “afirmou-se na sociedade portuguesa”, tem “um caminho próprio e um apoio social próprio” porque “as identidades do Bloco, postas em conjunto, formam um todo global coerente, resistente ao ímpeto capitalista, e verdadeiramente alternativo”.

“A coerência e consistência do Bloco de Esquerda marcaram e continuam a marcar o espaço político”, avançou.

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