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Novo ministro de Temer apanhado a planear golpe no Brasil

A imprensa brasileira revela uma conversa ocorrida em março entre um dos principais articuladores do impeachment de Dilma e um dos denunciados no esquema de corrupção. Para salvar os investigados na operação “Lava Jato” era preciso pôr Temer na presidência, dizia o agora ministro Romero Jucá.
Momento da tomada de posse de Romero Jucá como ministro de Michel Temer.

Segundo o relato da conversa divulgada pela Folha de São Paulo, o ministro Romero Jucá, então senador do PMDB e um dos articuladores do “impeachment” de Dilma Roussef, conversava com Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro – uma subsidiária da Petrobras – sob investigação na “operação Lava Jato”. Machado diz estar muito preocupado com o rumo da investigação, com novas denúncias que não iriam deixar “pedra sobre pedra”. E diz a Romero Jucá que o objetivo da Procuradoria Geral da República é “pegar vocês”, pelo que ele, que foi indicado pelo PMDB para presidir à empresa durante 10 anos, seria apenas um meio de chegar aos políticos envolvidos.

"Tem que resolver essa porra. Tem que mudar o governo para estancar essa sangria”

"Se é político, como é a política? Tem que resolver essa porra. Tem que mudar o governo para estancar essa sangria”, respondeu o agora ministro de Temer. Para o senador, o grande obstáculo ao afastamento de Dilma e à sua substituição por Temer era o presidente do Senado, Renan Calheiros: “Só o Renan que está contra essa porra. Porque não gosta do Michel, porque o Michel é Eduardo Cunha. Gente, esquece o Eduardo Cunha, o Eduardo Cunha está morto, porra", disse Jucá ao ex-presidente da Transpetro, referindo-se ao presidente do Congresso brasileiro, também ele investigado por corrupção e um dos principais articuladores do “impeachment”.

No seguimento da conversa, Machado diz que é preciso "botar o Michel num grande acordo nacional”, ao que Romero Jucá responde: “Com o Supremo, com tudo”. “Aí parava tudo”, respondeu Machado. “É. Delimitava tudo onde está, pronto”, retorquiu Jucá, sugerindo que dessa forma não haveria mais ninguém a entrar como alvo investigação.

Ministro diz que não se demite e dá outro sentido às suas palavras

O atual ministro do Planeamento de Michel Temer é um dos implicados na investigação Lava Jato. O inquérito aberto a partir do processo principal por suspeitas de suborno partiu da denúncia de Ricardo Pessoa, dono da construtora UTC, que disse à justiça ter pago 1.5 milhões de reais a Jucá, que o abordou a “oferecer” apoio à candidatura do seu filho a vice-governador de Roraima.

Sérgio Machado foi alvo de duas denúncias que o envolvem num esquema de pagamentos da empresa que presidia, tendo como destinatário Renan Calheiros, atual presidente do Senado e um dos nomes fortes do PMDB.

Revelada a conversa em que discute o golpe contra Dilma Roussef, o ministro do Planeamento disse à TV Globo que não se demite e que as suas palavras teriam outro sentido. Assim, na versão agora apresentada, o “acordo nacional” que defendia era contra a crise e não para travar a investigação, a "sangria" que era preciso parar não era a dos políticos envolvidos no processo mas a sangria financeira, e o termo “delimitar” quando se referia à Lava Jato seria sinónimo de definir que é culpado e deve ser punido.

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