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Novo ministro de Bolsonaro cai antes de tomar posse

Carlos Decotelli foi nomeado ministro da Educação mas caiu antes tomar posse por suspeitas de plágio e de ter mentido no currículo, alegando ter um doutoramento e um pós-doutoramento que não tem.
Carlos Decotelli. Foto de: Fotos Públicas.
Carlos Decotelli. Foto de: Fotos Públicas.

Ao nomear Carlos Decotelli, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro elogiava com pompa no Twitter o seu currículo: “um mestrado na Fundação Getulio Vargas, um doutoramento na Universidade de Rosário, da Argentina, e um pós-doutoramento na Universidade de Wuppertal, da Alemanha”. Só que é como Bolsonaro tivesse acertado no bingo da falsidade. Cada um destes alegados títulos foi imediatamente contestado.

Em primeiro lugar, o mestrado está sujeito a acusações de plágio. Em segundo lugar, o doutoramento foi negado pela instituição. Decotelli nunca o terminou. O mesmo aconteceu com o pós-doutoramento.

Da Argentina, foi o próprio reitor da Universidade Nacional de Rosario Franco Bartolacci que esclareceu cabalmente o assunto à rede Globo: “o senhor Decotelli cursou o doutoramento em Administração da Faculdade de Ciências Económicas e Estatísticas da Universidade Nacional de Rosário, mas não o concluiu. Não completou todos os requisitos que são exigidos pela nossa regulamentação, que exige a aprovação de uma tese final para obter o título de doutor. Portanto, não é doutor pela Universidade Nacional de Rosário”.

Sobre as acusações de plágio na tese de mestrado, Decotelli tentou minimizar a existência de partes textualmente copiadas dizendo que foram “distrações”. Foram contabilizados quatro textos de outros autores alvo de cópia e que nem sequer constam na bibliografia. O mesmo foi feito com um relatório da Comissão de Valores Mobiliários. Confrontada com o escândalo, a Fundação Getulio Vargas, anunciou que irá investigado o sucedido e se for confirmado qualquer "procedimento inadequado" seguir-se-ão medidas administrativas e judiciais. A instituição também negou a alegação de Decotelli de que este faria parte do seu corpo docente esclarecendo que “atuou apenas nos cursos de educação continuada, nos programas de formação de executivos e não como professor de qualquer das escolas da Fundação” e que” não foi pesquisador da FGV, tampouco teve pesquisa financiada pela instituição”.

Também da Alemanha chegou o mesmo tipo de informação. A Universidade de Wuppertal fez saber que o agora ex-ministro não tinha qualquer título atribuído pela instituição.

Durante dias, o currículo do oficial da Marinha na reserva continuou sob uma chuva de críticas. Até que este se demitiu esta terça-feira ainda antes de ter tomado posse. A sua demissão segue-se à de Abraham Weintraub, que se demitiu porque somava casos na justiça, atacava o Supremo Tribunal do país e estava acusado no âmbito do caso da máquina de notícias falsas montada pelos apoiantes de Bolsonaro.

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