A coordenadora do Bloco de Esquerda visitou nesta segunda-feira, 23 de janeiro, o Hospital de São João da Madeira, onde assinalou que da última vez que o visitara “não havia urgências” e o que estava previsto, pelo governo PSD/CDS era a entrega do hospital às misericórdias.
“Foi possível fazer duas coisas no último ano: manter o hospital como hospital público e reabrir as urgências básicas de São João da Madeira. Era um compromisso importante e foi bom dar estes passos”, sublinhou Catarina Martins, apontando ainda que “há outras coisas que falta fazer”, nomeadamente a falta de profissionais no SNS, “por um lado, porque as carreiras no SNS foram muito degradadas e, por outro lado, porque muitas vezes não há sequer autorização para contratar as pessoas necessárias”.
Questionada pelos jornalistas, a coordenadora do Bloco de Esquerda falou ainda do Novo Banco e da TSU.
“Se o Novo Banco for vendido, 70% da banca a operar em Portugal fica em mãos estrangeiras”
Questionada sobre a solução para o Novo Banco, a deputada afirmou: “Achamos que o Novo Banco deve ser um banco público”.
Salientando que a resolução do BES “foi muito mal feita pelo anterior governo e pelo governador do Banco de Portugal, Carlos Costa” e que a segunda resolução “foi também mal feita”, Catarina Martins salientou: “Isso traz custos para os contribuintes. Julgo que ninguém percebe que depois de os contribuintes terem pago, agora se entregue o banco a um privado, limpo com dinheiros públicos. Não é aceitável, temos de parar esta sangria de recursos públicos e do sistema financeiro português, para entregar os nossos bancos a fundos abutres que fazem tudo menos proteger a nossa economia”.
Sublinhando que a venda do Novo Banco significa que 70% da banca a operar em Portugal fica em mãos estrangeiras, “e todo ele com dinheiro público”, Catarina Martins considerou que não é normal “andarmos a pagar a banca privada para depois ela não só ser entregue a privados, como até nem sequer existir nenhum centro de decisão nacional”.
“A única forma de protegermos a nossa economia, a capacidade de investimento e a criação de emprego é termos bancos com centros de decisão em Portugal” realçou a coordenadora bloquista , considerando que “a única maneira de o fazermos neste momento é o controlo público”.
Questionada sobre Carlos Costa, Catarina Martins afirmou: “Achamos que Carlos Costa, enquanto governador do Banco de Portugal não é a boa escolha para ser supervisor nacional: Obedece demais a Frankfurt e tem pouco em conta os interesses do nosso país. Para ser supervisor em geral tem muita complacência com os interesses dos banqueiros para poder defender os interesses da população”.
Sobre a TSU, Catarina Martins reafirmou que o Bloco de Esquerda votará contra a descida da TSU, o que é uma divergência conhecida com o PS e o governo.
A deputada afirmou que o partido reconhece que há problemas nas empresas, sobretudo nas pequenas empresas, nomeadamente os excessivos custos da energia, do sistema financeiro ou o pagamento especial por conta. Catarina Martins admitiu medidas para as empresas, mas sublinhou: “não aceitamos compensar com medidas que promovem baixos salários”.
“A TSU é um desentendimento que existe desde sempre. Já votámos contra ela no ano passado. Esperamos que a TSU seja chumbada na quarta-feira”, concluiu a deputada.