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Novo Banco chumba testes de stress do BCE

No cenário mais adverso, o banco apresentou um rácio de capital CET1 [Common Equity Tier 1] de apenas 2,4%, abaixo do mínimo de 5,5%. Défice de capital de quase 1398 milhões de euros terá de ser colmatado nos próximos nove meses. Banco de Portugal já anunciou que vai iniciar "de imediato" uma nova fase na venda do Novo Banco.

Num comunicado divulgado este sábado, o Banco de Portugal (BdP) refere que, de acordo com os resultados dos testes de stress, que tiveram por base o balanço de 31 de dezembro de 2014, “o Novo Banco superou o teste de esforço conduzido pelo BCE no cenário mais provável (rácio Common Equity Tier 1 de 8,24%, acima do limiar de 8,0%), mas revelou uma insuficiência no cenário mais adverso (rácio CET1 de 2,43% face ao limiar de 5,5%), o que corresponde a um desvio de 1398 milhões (Gráfico 1), projectado para o final de 2017”.

O BpP, responsável pela gestão do Fundo de Resolução, acionista do Novo Banco, tem agora nove meses para corrigir esta insuficiência e garantir que o banco é dotado dos rácios de capital necessários para resistir a choques sem que seja posta em causa a sua solidez.

A instituição liderada por Carlos Costa recorda que já mandatou a administração do Novo Banco “para elaborar um plano de reforço de fundos próprios e de reorganização estratégica”, um trabalho “iniciado em antecipação da existência de necessidades de reforço de fundos próprios e que deverá ser apresentado nas próximas semanas”, para ser “posteriormente debatido" com o BCE e a Comissão Europeia. 

O Novo Banco garante, por sua vez, que “já iniciou os trabalhos inerentes à elaboração do plano de reorganização estratégica, que deverá ser debatido no âmbito da articulação existente com o BCE [Banco Central Europeu] e com a Comissão Europeia. Estima-se que este plano venha a estar concluído nas próximas semanas, materializando-se os respetivos resultados, de forma progressiva, a partir de 2016".

Entre as medidas a serem adotadas para reforçar os rácios de capital consta a venda da participação na companhia de seguros GNB Vida (ex-BES Vida) e a alienação de “outras participações não estratégicas”.

O BdP anunciou, por sua vez, que vai acelerar a venda do Novo Banco.

"A preparação da nova etapa do processo de venda será iniciada de imediato, agora que está afastado um dos principais fatores de incerteza que condicionou o procedimento anterior", lê-se no documento divulgado pela instituição.

Bancos contra participação do fundo de resolução no aumento de capital do Novo Banco

BCP, BPI e Totta já vieram deixar claro que se opõem à participação do fundo de resolução, para o qual contribuem, num aumento de capital do Novo Banco.

"Não deve haver aumento de capital; a própria resolução diz claramente que não é permitido um aumento de capital por parte do Estado português ou do fundo de resolução", afirmou António Vieira Monteiro na apresentação das contas do Santander Totta, defendendo que a recapitalização deve ser feita através da reestruturação.

Também o presidente do BCP, Nuno Amado, já tinha defendido que "não cabe ao fundo de resolução recapitalizar o Novo Banco no futuro" e que a instituição encabeçada por Stock da Cunha necessita “de um processo de reestruturação".

Já Fernando Ulrich, CEO do BPI, afirmou ser "totalmente irresponsável que se atire para cima dos outros bancos, dos seus acionistas e, no limite, dos depositantes um risco que não está quantificado e não se consegue delimitar com precisão". 

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